tag:blogger.com,1999:blog-85687988215385337052024-03-06T01:00:24.460-03:00FALAÇÕESpor Marcelo LabesMarcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.comBlogger33125tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-63874377434553450382012-04-25T10:33:00.001-03:002012-04-25T10:33:55.724-03:00Poema de OlheirasEra antes de anteontem...<br />
[Hoje a chuva desce rala<br />
e a pedra sobe o monte]Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-71126834203201226112012-02-23T01:56:00.001-02:002012-02-23T02:07:09.355-02:00A TARIFA AUMENTA (e quem lucra com isso?)<p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Eu sou de esquerda. Sou mesmo! Partindo do princípio latino de que a direita é quem governa a favor de quem pode e de que a esquerda é a favor de quem sempre pôde menos, eu lhes digo: sou de esquerda! Acontece que, alienígena, não pertenço a partido nenhum. Porque, claro, o PT sempre quererá a esquerda do PDT, e este as esquerdas do PSTU e PSOL. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Mas eu sou de esquerda e participei dos dois primeiros protestos contra o aumento da tarifa da passagem de ônibus aqui na província de Blumenau. Por que participei? Ora! Porque não tenho carro nem CNH nem nada parecido e sou usuário convicto do sistema público de transportes. E, como poucos, me senti onerado pelo aumento da tarifa e pelo não-aumento da qualidade do serviço público municipal de transportes.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Aconteceu o seguinte: partidários de ditas esquerdas perceberam num filão interessantíssimo (adolescentes estudantes), um rico mercado eleitoreiro e partiram de princípios ancestrais, tais como a reação estudantil da UNE nos anos de 1960 e 1970, para inflamar estudantes secundaristas contemporâneos a marcharem contra o aumento da tarifa e a gritar contra o prefeito e seu partido.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Não se enganem!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Sou de esquerda e acho o governo de JPK errante. No entanto, como não sou partidário, me ative a detalhes durante as duas primeiras passeatas:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">1º. Quem pagou os carros de som?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">2º. Quem eram os que entoavam os hinos contra a tarifa?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">3º. Por que não houve uma tentativa de aproximação do público reclamante com os usuários “de fato” do transporte coletivo — ou seja: o povo?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Porque, realmente, um hino tal qual “o dinheiro do meu pai não é capim / eu pulo a catraca sim” me parece demasiadamente pueril, infantil até, porque a gurizada McDonalds não deve muito se importar com a grana dos velhos. Se se importassem, pediriam para estudar [e lutariam para que pudessem ter o direito de ensino de qualidade] numa escola pública. Mas não! Cheiram a <a href="http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=haagen%20daz&source=web&cd=1&ved=0CDkQFjAA&url=http%3A%2F%2Fhaagen-dazs.com.br%2F&ei=1qxFT_y0CIaCgAeX9uCXBA&usg=AFQjCNHvU1dKWg3_2fh8j5n1iVRhXf9URA"><span style="color:windowtext;mso-bidi-font-weight:bold">Häagen</span><span style="color:windowtext">-Dazs</span></a> e reclamam da ida e volta da escola. Não, não faz sentido.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">A isso me ative depois das primeiras passeatas e depois de perceber que por mais idealistas que fôssemos, pouca coisa faríamos. Ainda que muitos, ainda que muitíssimos, pouco se realizaria. E agora vejo, definitivamente, que pouco se realizará. Porque, afinal, a grana do pai do estudante que paga meia passagem para ir à escola e ao shopping tanto faz; não se dialoga com o trabalhador, de quem 6% do salário são descontados mês a mês. Não se dialoga com a classe trabalhadora do transporte coletivo (os que de fato param a cidade) para que haja simetria nos protestos. Não se dialoga com ninguém! É a juventude esquerdista partidária de aqui e de ali lutando por um lugar ao sol no mundo poliltiqueiro de sempre. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Alguma dúvida? Tenho várias: para além dos carros de som (pagos por quem?), resta o seguinte: porque dividiam-se entre ‘os da frente’ e ‘os de trás’? Eu mesmo presenciei vaia do povo de trás a hinos do povo da frente. Por quê?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Os que apoiaram, e eu estava entre eles, pergunto: quantos estavam realmente indignados com o valor abusivo e quantos estavam nas passeatas pelo calor da hora?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Mas vou resumir o final da questão: hoje à noite, no terminal de pré-embarque da Catedral, percebi que as três portas estavam abertas e que o ar-condicionado estava ligado. Mas como eu suava em bicas, achei interessante registrar o fato com minha câmera. Porque, no fim das contas, os reajustes de passagem se devem às ditas melhorias no transporte coletivo. No momento em que comecei a fotografar, fui abordado por um funcionário do SIGA que me disse que eu “NÃO PODIA FILMAR” ali dentro. E o mesmo pôs a mão na frente da lente, feroz, dizendo que eram ordens da concessionária. Respondi dizendo que eu mesmo era funcionário público, alocado no SETERB, e que era usuário pagante do transporte coletivo, ao contrário dele, funcionário privado, que tinha privilégios no momento de embarcar num ônibus. Ele insistiu e eu disse então que chamasse a polícia, ao que o mesmo respondeu de imediato, retirando o celular do bolso e discando 190. Redargüi explicando que leis federais (como a <a href="http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.610-1998?OpenDocument"><span style="color:windowtext;text-decoration:none;text-underline:none">Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998</span></a> [artigos 48 e 79] e a Constituição Federal sobrepunham-se às diretrizes da empresa. O funcionário guardou o celular (com o qual ia chamar a polícia) e me repetiu que não filmasse. Disse então que agora que tinha explicado que estava protegido por lei, filmaria e fotografaria, e ele que me impedisse. Para tanto, sabendo ser ele assalariado, fiz questão de mão focar-lhe o rosto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">As questões finais a que chego são:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-align:justify;text-indent:-18.0pt; mso-list:l0 level1 lfo1"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif";mso-fareast-font-family:Garamond; mso-bidi-font-family:Garamond">a)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal; "> </span></span><!--[endif]--><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Num ano eleitoral, quem faz protesto contra a situação é quem merece voto?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align:justify;text-indent:-18.0pt; mso-list:l0 level1 lfo1"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif";mso-fareast-font-family:Garamond; mso-bidi-font-family:Garamond">b)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal; "> </span></span><!--[endif]--><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">“Quem boca vai a Roma” ou “quem tem boca vaia Roma”?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align:justify;text-indent:-18.0pt; mso-list:l0 level1 lfo1"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif";mso-fareast-font-family:Garamond; mso-bidi-font-family:Garamond">c)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal; "> </span></span><!--[endif]--><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Em vez de parar o trânsito impedindo veículos de emergência de circular, ainda mais numa cidade de três ruas, por que não fazem igual a mim e enfrentam, pessoalmente e sozinhos, a miséria imposta pelas empresas concessionárias?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Daí fica a pergunta: cadê as imagens? Elas estão na minha câmera, uma Sony HX-1, cujo cano está temporariamente perdido. Peço ajuda para transportá-las pra um computador e mostrar, definitivamente, que não se trata de mera ladainha.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">E peço aos que puderem filmar e fotografar a precariedade do transporte público, que o façam.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">E digo ainda que não sou contra as manifestações: sou contra o oportunismo escroto-partidário!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">E sigo reclamando. Não por direito, mas por dever.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Abraços!<o:p></o:p></span></p>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-1514665189584496402012-02-07T12:46:00.003-02:002012-02-07T13:22:31.244-02:00UMA MANIFESTAÇÃO LEGÍTIMA<a href="http://4.bp.blogspot.com/--hCuucMh82E/TzE8yeyH1rI/AAAAAAAACyY/Ix3-pRHxXk8/s1600/12993399.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 220px;" src="http://4.bp.blogspot.com/--hCuucMh82E/TzE8yeyH1rI/AAAAAAAACyY/Ix3-pRHxXk8/s320/12993399.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5706409040809547442" /></a><div style="text-align: center;"><i><span>Gilmar de Souza / Agência RBS</span></i></div><p class="MsoNormal" align="center" style="text-align: left;"><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%;font-family:"Garamond","serif""><b>ou<o:p></o:p></b></span></p> <p class="MsoNormal" align="center" style="text-align: left;"><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%;font-family:"Garamond","serif""><b>A cidade parou. E vai voltar a parar.</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" align="center" style="text-align: left;"></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Não é necessário descrever o que houve na tarde desta segunda-feira, depois das 18h, no centro de Blumenau. Mas é necessário falar a respeito. Nós – éramos quantos? – saímos de frente da prefeitura (assim mesmo, com pê minúsculo) e entoando reclames, nos dirigimos ao Terminal Proeb. Muita gente nos viu, muita gente nos apoiou. E reclamando, segurando faixas, pulando (porque “quem não pula quer tarifa”), adentramos ao referido terminal urbano para invadi-lo, para pará-lo e para nos fazermos ouvidos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Preocupou-me, de certa maneira, que a o manifesto tivesse cunho eleitoreiro, que ali estivessem os tão conhecidos aliciadores de jovens idealistas para lutar por seus candidatos neste e em outros anos eleitorais. E eles apareceram! Mas foram calados pela segurança com que gritávamos que unidos, não precisávamos de partido. E assim foi.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Mas me preocupou ainda mais o fato de que, depois da chuva torrencial, a manifestação viesse a impedir que chegassem a lugares necessários as viaturas de emergência. Mas estava lá a Guarda Municipal de Trânsito dando suporte e cuidando de que ela, a população e nós, manifestantes, estivéssemos seguros.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Mas o que fui dizer! Separei, como que dividindo, a população e os manifestantes. E é por isso que esse texto torna-se necessário.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Os aumentos de tarifa de transporte público são vertiginosos e constantes. Até então, tudo bem, porque pode-se facilmente calcular que com os aumentos do salário mínimo e a inflação a níveis controlados, o poder aquisitivo aumentou. E aumentou, sem dúvida. No entanto, o transporte público melhora a passos lentos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Foram anos e anos até que fossem construídos os corredores de ônibus urbanos. Medida em muito criticada pela sem-tamanho população automotiva de Blumenau. A estes, digo que não vale lá muito à pena dirigir-lhes a palavra, porque são os grandes responsáveis pela necessidade de corredores de ônibus. Depois, porque são pessoas que não utilizam o transporte público. Ou melhor: impedem o transporte público de ser utilizado; é simples: só olhar a quantidade de carros com somente o condutor a utilizar-se deles. Uma pessoa ocupando um veículo que normalmente transportaria cinco. Vocês, automobilistas, vocês nos dificultam a vida.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Mas o que é realmente lamentável é ver que os próprios usuários do transporte coletivo não apóiam em massa paralisações como a ocorrida nesta segunda-feira. Os motivos são claros:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left:0cm;mso-add-space:auto; text-align:justify;text-indent:0cm;mso-list:l0 level1 lfo1"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"; mso-fareast-font-family:Garamond;mso-bidi-font-family:Garamond">a)<span style="font:7.0pt "Times New Roman""> </span></span><!--[endif]--><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%; font-family:"Garamond","serif"">Muitos trabalharam durante todo o dia e não vêem a hora de chegar em casa;<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left:0cm;mso-add-space:auto; text-align:justify;text-indent:0cm;mso-list:l0 level1 lfo1"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"; mso-fareast-font-family:Garamond;mso-bidi-font-family:Garamond">b)<span style="font:7.0pt "Times New Roman""> </span></span><!--[endif]--><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%; font-family:"Garamond","serif"">O trânsito, já caótico às seis da tarde, torna-se ainda pior com a paralisação de uma via de acesso a bairros populosos;<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left:0cm;mso-add-space:auto; text-align:justify;text-indent:0cm;mso-list:l0 level1 lfo1"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"; mso-fareast-font-family:Garamond;mso-bidi-font-family:Garamond">c)<span style="font:7.0pt "Times New Roman""> </span></span><!--[endif]--><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%; font-family:"Garamond","serif"">Isso de protesto nunca dá resultados.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">É verdade, eu diria: o trabalhador, depois de um dia cansativo, merece mesmo o seu descanso. Mas somos nós, manifestantes, que impedimos esse descanso? Ou será a falta de planejamento viário de uma cidade que não sabe mais o que fazer para crescer? Onde ter carro é uma questão de sobrevivência porque é uma questão de status? E ao trabalhador, pergunto: seríamos nós, manifestantes, que nos levantamos em nome de todos os usuários do transporte coletivo os culpados pela viagem cansativa, suada e desconfortável? <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Creio que não: o que me parece, sem dúvida, é que às empresas gestoras do transporte público de Blumenau não lhes interessa qualquer fiscalização. E parece que não há fiscalização. Não fosse assim, não teríamos de andar em ônibus com goteiras, superlotados, sem ventilação. Não fosse a falta de fiscalização, os veículos seriam automaticamente trocados, conforme o tempo de uso. E haveria mais ônibus. E as manhãs e fins de tarde não seriam momentos dos quais sempre se quer fugir e não se pode.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Havia muitos estudantes no Terminal Proeb. Mas havia mães e pais e pessoas mais velhas, e havia jornalistas e havia, ora essa!, o povo. Eu, com minha câmera, flagrava os rostos jovens e confiantes. Mas não estava sozinho: de todos os lados, câmeras e celulares filmavam a manifestação. E as demais pessoas que registravam os fatos pareciam satisfeitas, o que tornava o manifesto ainda mais emocionantes, ainda mais legítimo!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">Como dito no término da manifestação, quinta-feira voltaremos. E seremos mais. E se aos responsáveis pelo ônus continuado da população blumenauense continuar a nos ignorar, parece claro: continuaremos!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Garamond","serif"">E parecerá claro ao povo (ele, o que separei dos manifestantes ali em cima) que é necessária a união, porque ela faz a força. E parecerá claro aos motoristas que, irritados, aguardavam no trânsito congestionado a parcela de culpa que lhes cabe. E parecerá claro, finalmente, que é necessário não abaixar a cabeça. Porque já somos muitos, mas seremos ainda mais.<o:p></o:p></span></p><p></p><p></p><p class="MsoNormal" align="center" style="text-align: justify;"><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%;font-family:"Garamond","serif""><br /></span></p>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-35984100707450523282009-12-15T15:27:00.003-02:002009-12-15T15:36:18.924-02:00Mais falações em 2010.A desculpa que vinha usando para manter este espaço silencioso era que, afinal, havia me proposto a escrever sobre a literatura blumenauense ou, para soar melhor, produzida a partir de Blumenau.<br /><br />Acontece que depois de falar de velhos e de novos autores, não havia lá muito assunto. E se entrasse na discussão recorrente das agremiações literárias que poluem nossos sentidos com sua vasta produção, acabaria deixando de dar valor ao que valor de fato tem.<br /><br />Pois que 2009 foi um ano interessante, com lançamentos interessantes, boas leituras e um ou outro evento (pseudo) literário de algum valor. Talvez que eu venha me referir a eles no início de 2010, talvez não.<br /><br />De qualquer forma, sinto falta de discutir e ver discutida a produção local. E se a minha discussão parece tosca eu digo: por mais simples que seja, existe e, vez em quando, causa algum eco. É atrás desse eco que vou. Sim, porque de masturbação já estamos todos (?) - retomo: de masturbação já deveríamos estar todos cansados.<br /><br />Pois bem: que venha 2010 e, com ele, novos diálogos acerca de literatura, pseudo-literatura, não-literatura ou simplesmente culinária.Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-38438911593069784182009-05-13T19:14:00.002-03:002009-05-13T19:23:20.751-03:00Há vida (e boa literatura!) no mundo eletrônico.É longa a discussão a respeito de uma possível morte do livro como tal, impresso e consumido em papel, e de sua eternidade enquanto perpetuador do que conhecemos por meio de transmissão cultural. Essa discussão promissora toma forma em um livro (que eu tenha lido) do francês Roger Chartier: em <a href="http://www.ccuec.unicamp.br/revista/infotec/artigos/mariangela2.html">A aventura do livro</a>: do leitor ao navegador, Chartier reconta formas de escrita, de publicação e de leitura e, no fim das contas, parece contar com a continuidade do material impresso.<br /><br />O livro deverá continuar fascinando leitores. Porém, se hoje publicar o material impresso tornou-se consideravelmente mais fácil — desde que haja dinheiro para tanto — temos em nossas mãos a facilidade das facilidades no que diz respeito à literatura. Com a velocidade da informação, não se está somente preocupado em obtê-la, mas também em repassá-la. O mesmo, por sinal, acontece com a literatura.<br /><br />Se, por um lado, essa facilidade em tornar o material literário público permite que muita literatura ruim seja publicada, repassada e tida como o seu inverso, ou seja, boa literatura, por outro lado temos pequenos tesouros escondidos pelas rincões da Web.<br /><br />Desde os fóruns de literatura — onde de tudo se publica e por onde quase todo escritor eletrônico passou — até comunidades direcionadas à discussão acadêmica de determinados autores, podemos nos deparar com escritores que, a sério ou não, publicam seus textos informalmente e, aos poucos, ainda assim, ocupam espaços de referência. Dos espaços que pude conhecer — e das pessoas que acabei conhecendo eletronicamente — recomendo alguns espaços sem dúvida interessantes. Limito-me a citar escritores catarinenses, embora essa seja uma discussão longa, porém pertinente: em terras eletrônicas, não se pode mais delimitar o escritor numa origem, cadenciá-lo num terreno aqui ou acolá.<br /><br /><a href="http://www.bc.furb.br/saraueletronico/">SARAU ELETRÔNICO<br /></a><br />Um espaço acadêmico e, ao mesmo tempo, do avesso. Por dois motivos: após a extinção da Revista Lírio Astral, coordenada pelo professor José Endoença Martins há alguns anos, não havia um espaço, por assim dizer, formal onde se pudesse ler sobre literatura catarinense — mesmo porque a Revista de Divulgação Cultural, da FURB, também fora extinta havia algum tempo; e, por outro lado, pelo sentido avesso a que me referi, porque não se lê ali somente a respeito dos autores: lê-se os próprios nas entrevistas concedidas ao Viegas, algo raro de se ver por aqui.<br /><br />Nesse contexto, surge o site <a href="http://www.bc.furb.br/saraueletronico/">Sarau Eletrônico</a>. Em função da comemoração dos 40 anos da biblioteca da dita universidade, o escritor e historiador Viegas Fernandes da Costa inicia a coordenação de um projeto que se tornou, em terras brasileiras, uma confiável e saudável fonte de informação sobre escritos e escritores deste estado. Além das entrevistas, temos ali artigos acadêmicos ou não e dicas interessantes de livros de que a biblioteca dispõe. Para além do óbvio, o que nos é muito melhor.<br /><br /><a href="http://viegasdacosta.blogspot.com/">ALPHARRÁBIO<br /></a><br />Viegas da Costa há muitos anos utiliza-se da Web para publicar seus textos. Autor dos impressos “Sob a luz do farol” (crônicas, 2005) e do aqui criticado “De espantalhos e pedras também se faz um poema” (poemas, 2008), publicou entre 2002 e 2006 no site A Barata, sendo lido por milhares de leitores que semanalmente recebiam suas crônicas por email. Hoje, publica no seu <a href="http://viegasdacosta.blogspot.com/">Alpharrábio </a>— com a liberdade temporal de que se dispõe quando se é dono do próprio espaço — contos e crônicas (literárias ou não) e pontos de vista de quem sempre tem algo substancial a dizer.<br /><br /><a href="http://www.duelodeescritores.blogspot.com/">DUELO DE ESCRITORES<br /></a><br />De dar inveja a seriedade com que levam adiante este <a href="http://www.duelodeescritores.blogspot.com/">projeto</a>. Mantido por cinco autores, o <a href="http://www.duelodeescritores.blogspot.com/">Duelo</a>, como é carinhosamente chamado, é atualizado a cada dez dias e mostra um pouco do que são capazes seus duelistas: com temas prévios (que devem ser seguidos) e regras esclarecidas, os autores têm prazo para publicar o seu texto. Aí é que está a garantia de boa leitura: cada autor publica o seu texto. Dessa forma, embora com tema predeterminado, lê-se, cada vez, não apenas variações sobre o mesmo tema, mas variações em torno do próprio autor, que precisa se adequar também ao assunto da rodada.<br /><br />Através do site do Duelo pode-se chegar a outros sítios riquíssimos, mantidos por duelistas fora da competição. Falo dos blogs de <a href="http://marinamelz.wordpress.com/">Marina Melz </a>e <a href="http://roferoli.blogspot.com/">Rodrigo Oliveira</a>, merecedores de leitura e de acompanhamento. Embora em estilos diferentes — Marina escreve crônicas em torno de seu cotidiano enquanto Rodrigo mergulha nas liberdades que a escrita permite — são dois espaços férteis para quem deseja ler um bom texto.<br /><br />POIS ENTÃO<br /><br />Há mais, há tanto, há quantos? Felizmente, cada autor de blog mantém a sua lista de blogs favoritos. É através dos links que chegamos sempre mais longe. Mesmo que mais longe signifique, muitas vezes, ao nosso lado.<br /><br />Se há que se preocupar com a extinção do livro, eu acho que não. Ele continuará, como sabemos. Mas que, talvez, se deva clicar com foco, lendo o que de bom se publica na internet, eu acho realmente que sim. E espero que estes links dispostos aqui sejam um bom ponto de partida para que quem já escreve na internet conheça outros autores; para quem ainda não escreve, que sirvam de exemplo estes autores que fazem o mundo eletrônico um espaço realmente interessante.Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-25568794813927790982009-02-11T17:59:00.002-02:002009-02-11T18:05:45.397-02:00Provocação que veio a calhar.Há, sim, mais o que dizer a respeito da nomeação da dama da sociedade, Sra. Marlene Schlindwein, para a presidência da Fundação Cultural de Blumenau. Mas quem veio provocar foi o <a href="http://falacoes.blogspot.com/2009/02/ouve-gente-dona-marlene.html">Fábio Ricardo</a>, (que inclusive provocou antes o <a href="http://www.blog.costadessouza.com/">Costadessouza</a>). Pois bem, vamos aos ditos fatos e, para isso, vou responder a algumas provocações do Fábio Ricardo:<br /><br /><em>(...) “Nós precisamos sim brincar com a arte, não com o sentido de sacaneá-la ou largá-la ao acaso. Nós precisamos brincar com ela justamente para nos tornarmos novamente amigos da arte”.<br /></em><br />Até concordo e imagino que, em relação ao artista, não há nada melhor do que brincar com a arte, seja a sua, seja a dos outros. Mas não vamos falar de arte, vamos falar de políticas culturais, de gestão cultural, de proposição de projetos que buscam algum dinheiro para uma entidade que definha.<br /><br />Provocação aceita, vamos aos fatos. Andei conversando com um tanto de gente durante nessa última semana, a fim de encontrar algumas respostas. Uma delas diz respeito a um fato triste que se repete em cada uma das secretarias da Prefeitura de Blumenau. Como o assunto da vez é a Fundação, ela nos serve de exemplo.<br /><br />Toda transição de governo é complicada, sem dúvida. Acontece que a Fundação, em vez de mostrar-se uma casa séria, serve muito bem de palanque eleitoral e cabideiro de cargos políticos. E isso aparece claramente no fato de que não se criam políticas culturais sérias em quatro anos. Nem em oito. Nem em doze. Mesmo assim, quem dita o que acontece ou não nessa casa são profissionais que assumem cargos políticos, temporários, que foram empossados por partidarismo, coleguismo e outros ismos, como nos acostumamos a saber.<br /><br />Dentro dessa lógica, o profissional que entra na Fundação por competência e não tem filiação é logicamente desligado da casa e os profissionais que estão ali há mais de quatro, oito ou doze anos ficam não com as decisões político-culturais, mas apenas com a rotina burocrática de uma casa pública. Ou seja: não há estabilidade ideológica, tão necessária, nessa casa.<br /><br />Dessa forma, me parece brincadeira que tenham diminuído o orçamento da Fundação. E que tenham diminuído o número de funcionários. E que coloquem ali a Dona Marlene, que não representa nada nem ninguém e que nunca ouviu falar da maioria de nós, seja lá em que parâmetro, artistas.<br /><br />Portanto, Fábio, vejo que a Fundação Cultural de Blumenau é o playground da situação política de Blumenau. Sim. Porque é brincadeira empossarem Dona Marlene. E é brincadeira que Dona Marlene agora vá se informar do que acontece naquela casa. No meio dessa brincadeira toda (de puro mau-gosto), posso somente dizer: quem brinca com a arte é o artista; quem acha que política cultural é uma brincadeira, um faz-de-conta eleitoral, como vemos agora, é simplesmente ignorante. E são esses ignorantes que têm nos representado há um bom tempo, já.<br /><br /><em>“Colocar um administrador de empresas ou um político para gerir a arte do município é uma afronta àqueles que gostam de brincar com a arte”.<br /></em><br />É sim, mas somente à primeira vista, somente dentro daquilo que vem acontecendo em Blumenau. Colocam um político para gerir seu próprio nome, não a arte do município. Um exemplo? Vamos levar adiante a teoria da conspiração:<br /><br />1) Esse ano temos aí o sesquicentenário dos Clubes de Caça e Tiro. Esses clubes são organizações sociais que representam, em parte, muito da cultura blumenauense. Dona Marlene, do outro lado, é uma dama da sociedade que combina roupas e faz parte de, li no jornal, pelo menos cinco grupos sociais de senhoras sociais e tal. Mas temos o Ano dos Clubes de Caça e Tiro, o que me leva a pensar que...<br /><br />2) Pois bem. Dona Marlene concorreu ao legislativo, mas não ganhou. E Dona Marlene, dizem alguns contatos, é um dos grandes nomes do PMDB para o legislativo estadual nas próximas eleições. Mas quem elegerá Dona Marlene, os artistas? As senhoras do Clube de Senhoras? Não, exatamente.<br /><br />Dona Marlene tem em suas mãos a grande ocasião que é presidenciar a Fundação Cultural num ano histórico para boa parte da alemã Blumenau que habitamos. É isso que me deixa sem ter o que dizer: é tão escancarada a arrogância e a forma como nos subestimam, que em muito breve, ao invés de o Santa chamar Dona Marlene de A Dama das Artes, como fez, vai chamá-la de A Dama dos CCT´s. Querem apostar? Quero receber em cerveja!<br /><br />A arte é uma criança auxiliada por adultos. Assim deveria ser, pelo menos. Mas o que podemos perceber é que, por aqui, a arte é uma forma oblíqua de manifestar dizeres. Tão oblíqua que não consegue dizer a si própria. Enquanto isso, claro, nossos colegas institucionalizados vão normalmente institucionalizando ainda mais a coisa toda, certamente apoiando Dona Marlene e auxiliando-a no entendimento do que é cultura, do que é arte, literatura, teatro, dança por aqui .<br /><br />Uma pena que eu não faça parte de uma instituição dessas, seja de escritores, artistas plásticos ou senhoras sociais.Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-27005904865968609172009-02-06T12:59:00.005-02:002009-02-06T17:05:38.853-02:00Ouve a gente, Dona Marlene!Mas se não quiser ouvir, não precisa. Afinal, quem somos nós pra querer alguma coisa? A maioria de nós é fabril mesmo e está condenado a isso. Quem mandou, afinal, mexer com o que não devia? Daí tem o sujeito que fica feliz porque consegue enxergar um pouco mais, ou como diria o Gaarder, consegue subir na ponta do pêlo do coelho. Coitado, tá fodido! E não somente pelo grande clichê nacional (que aqui, estranhamente, não faz sentido: não vivemos na Europa brasileira?) de que artista tem mesmo é que passar fome.<br /><br />E tem mesmo, não é? Gente que não se aproveita pra nada. Tá lá o sujeito que pinta, escreve, encena, canta, toca, compõe, dança, esculpe e sabe lá Deus o que mais! Gente bizarra: não trabalha nem pra comer e ainda consegue comer com isso? Nem pão com ovo mereciam! Artista não soma nada à força de trabalho e, por isso, quanto mais se puder fazer para que os coitados sofram, melhor. Vai que desistem!<br /><br />(...)<br /><br />Mas tudo bem. A gente vai lá e vota no cara das flores e dos ladrilhos encerados. E a gente vota numa Câmara de Vereadores que é toda situação. E quando a situação fica pela rua da amargura (tá aí a Dona Marlene pra nos mostrar isso), o que eu penso é que, no fim, a gente tem é que se foder mesmo. Afinal, não merece respeito quem vive a vida como se fosse um hobby. Não, Dona Marlene, a gente não quer saber dos seus hobbies. A gente só quer dormir um pouco mais tranquilos. Será que dá?<br /><br />Marcelo Labes.<br /><br /><br />HOMENAGEM<br /><br />Chega a dama<br />de pincel na mão.<br />Quadro estranho,<br />nunca viu tal formão.<br /><br />De arte, não dá bandeira.<br />— Não dá, Bandeira!<br />Não dá.<br /><br />Arte?<br />Articulação.<br />Arte?<br />Manha.<br /><br />Chega a dama toda prosa<br />É ela a dama do verso?<br />É ela dama diversa.<br /><br />Atuar, atua; bem se diga.<br />Só não no palco, que prefere os bastidores.<br /><br />Apaga-se a ribalta,<br />desafina a canção,<br />ao ver a dama de pincel na mão.<br /><br />Eis a dama acenando um papel.<br />Há Letras lá; mas só lá, pois então!<br /><br />— Abana mais forte, pra espantar a poeira!<br />Muito tempo parado, acumulou pó da prateleira.<br /><br />Pintou assim, meio do nada.<br />Como uma pincelada mal feita,<br />como obra rasurada.<br /><br />— Basta, poeta. Já não há o que fazer.<br />— Muito o há, mas será que vai acontecer?<br /><br />Arte?<br />Artimanha.<br />Arte?<br />Articulação.<br /><br />Sobrou a esperançado erro,<br />de não repetir-se o refrão.<br /><br />Espero a dama<br />Calar-me então.<br /><br />Terá seu ato diferente bordão?<br /><br /><br />Rodrigo Oliveira - <a href="http://www.roferoli.blogspot.com/">http://www.roferoli.blogspot.com/</a><br /><br /><br />CARÍSSIMA DONA SCHLINDWEIN,<br /><br />Marlene,<br /><br />Somos reféns desse esquema de botar em cargos públicos quem o partido amigo pede. Pede não, manda. Na sua pasta, a da Fundação Cultural, acaba de se despedir um senhor bem pouco feito às artes, assim como a senhora, e do mesmo partido que o seu. O que ele fez? Não, não é falta de conhecimento seu na área artística. Eu também não sei o que ele fez.<br /><br />Engraçado. Por que o prefeito nomeou o José Bahls de Almeida para o Turismo, e não a senhora? Afinal, a senhora deve ter viajado bastante e sabe o que é bom de se ver quando se chega a uma nova cidade. Isso basta, não? Isso é um grande passo pra se administrar o Turismo na cidade.<br /><br />Deve ser difícil pra senhora estar prestes a assumir a administração da Fundação Cultural de Blumenau, um emprego em que a senhora mesma disse que não sabe o que fazer. Diga que acha engraçado! Nem precisa rir. Só dizer. Me conforta.<br /><br /><p><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5299712599515538482" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 236px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/_qbvM8fO1XiY/SYxch7nJJDI/AAAAAAAAAHQ/ecHDhQV8b5E/s320/jpk-cospe300.jpg" border="0" /></p><p>É um prefeito que cospe na arte, sim, Dona Marlene. Mas, como disse, somos reféns, e juntos. Ouvi dizer que a senhora vai chamar assessores. Sua humildade é um sinal que ainda há o que fazer para reverter a lambança. O que precisamos?<br /></p><p>Tudo o que pede o Conselho de Cultura e mais um pouco.<br /></p><p>Discutir os problemas e debater soluções com participação dos artistas. A senhora sabe lidar com o povo e com debates, não é, Dona Marlene?<br /></p><p>Não deixe o Museu de Artes de Blumenau jogado enquanto viaja pelo Estado, como fez o Seu Ivo! Cheguei lá no museu e era um artista voluntário que estava abrindo e fechando as portas todos os dias. Não deixe que os valentes que ainda vão ao museu tenham que presenciar isso!<br /></p><p>Dê uma olhada na literatura bairrista que vai pedir dinheiro na Lei de Incentivo. Ela não melhora a gente.<br /></p><p>Ajude o Festival de Teatro Universitário! Dê uma verba digna, pague os atendentes que cuidam dos ingressos. São todos voluntários também. É luta demais, e o reconhecimento ao festival já veio. Está na hora de investir nele.<br /></p><p>Interfira para que os artistas possam se apresentar mais no Teatro Carlos Gomes. É belíssimo, e nem precisa parar as formaturas pra colocar uma peça lá de vez em quando. Lembre-se: ele vai ser reformado com dinheiro do povo!<br /></p><p>Ouça os artistas, Dona Marlene! E, se um dia, numa conversa mais amena, o prefeito estiver animado com os resultados, explique pra ele que com arte não se brinca.<br /></p><p>Sucesso!</p><p>Daniel CostadeSSouza - <a href="http://costadessouza.wordpress.com/">http://costadessouza.wordpress.com/</a></p><p></p><p></p><p>MAIS UM GOLPE CONTRA A ARTE E A CULTURA</p><p>Espero que Marlene Schlindwein, realmente corra contra o tempo para conhecer as atividades da Fundação Cultural de Blumenau e principalmente, que entenda, o mais rápido possível que Arte e Cultura não são "hobby". A Arte e a Cultura, geram trabalho, emprego, renda e qualidade de vida. Não há como entender partidos políticos que indicam para cargos de tamanha importância, pessoas que admitem publicamente a falta de conhecimento nas áreas em que vão atuar.É lamentável e com certeza todos perdemos. </p><p>Em entrevista publicada no santa, Marlene assumiu que a sua nomeação é apenas uma questão política e além disso admite não ter conhecimento nenhum sobre as atividades da Fundação ... é revoltante! Pior ainda diz que tem a cerâmica e a poesia como Hobby, por favor, Arte e Cultura não são Hobby! </p><p>Isto é um desrespeito para quem pensa, faz, formenta e divulga a Arte e a Cultura em BlumenauO prefeito e o PMDB estão cuspindo na Arte e na Cultura.A classe artistica e o povo, merecem uma explicação. </p><p>Monalisa Budel</p><p>Acadêmica de Artes Visuais - Blumenau<br /></p>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-14810755064091737362009-02-04T11:37:00.001-02:002009-02-04T11:37:53.139-02:00Rodrigo Oliveira e Falações no Sarau EletrônicoAntes de, oportunamente, escrever aqui a respeito do Sarau Eletrônico, vem a dica para que se visite esse sítio.Nesta edição foi publicada a crítica de Falações escrita pelo Rodrigo Oliveira.<br /><br />Pra quem ainda não leu o "Poesia Twist. Poemas com um toque limão", uma recomendação: Rodrigo foi quem, talvez, mais tenha ido fundo na leitura deste volume de poemas - e quem mais emocionou ao dispor-se a escrever sobre ele.<br /><br />Ficam como dica, portanto, o <a href="http://www.bc.furb.br/sarauEletronico/index.php?option=com_content&task=view&id=121&Itemid=1">Sarau Eletrônico </a>e o blog do <a href="http://roferoli.blogspot.com/">Rodrigo Oliveira</a>: há muito que se descobrir por estes campos eletrônicos e férteis.Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-82253777616214485122009-01-30T18:48:00.002-02:002009-01-30T18:51:11.866-02:00Blumenau hoje eu queria te dar flores<p><span style="font-size:85%;">Muito já se falou por aqui de autores e autorias oriundos dessa pequena cratera que denominamos carinhosamente Blumenau. Se há poetas? Há. Se há proseadores, também. No entanto, entre a brincadeira de tentar trazer à tona um pouco do que pouco se escreve – ou muito se escreve e pouco se lê, depende o ponto de vista, percebi ter deixado de lado um poema importantíssimo.</span></p><p><span style="font-size:85%;">Porque um poema natural. Se temos, de um lado, Lindolf Bell brincando de ser o mais filho da terra do outro temos os poetas experimentalistas, que mais podem fugir dos braços da mãe germânica. Tanto o primeiro como os segundos deixaram filhos e o que se lê hoje, embora novo, muitas vezes não passa de um mais do mesmo tardio.</span></p><p><span style="font-size:85%;">O autor desse poema que segue, devemos chamá-lo poeta. Não porque escreva em versos (alguns dos maiores poetas que conheço ou conheci estão nem aí pros versos), mas porque é poeta sem precisar esforçar-se para sê-lo.</span></p><p><span style="font-size:85%;">Dessa forma, terminando aqui a introdução, digo que tanto faz – por hora – que haja dois lados na literatura que nem blumenauense pode ser chamada. E não importa que haja seguidores desses lados, defendendo-se muito e escrevendo pouco. O que importa, no fim das contas, é a naturalidade com que<a href="http://www.blog.costadessouza.com/"> Daniel CostadeSSouza </a>escreve. Pois bem, um abraço.<br /></p></span><p><strong>Blumenau hoje eu queria te dar flores</strong></p><p>Eu já tinha me avisado da mudança<br />Tudo muito no lugar dá certo não<br />Eu não sabia, nem pergunte, eu não me sei<br /><br />E quero quero<br /><br />Destruir com tesão, com gargalhada<br />Ampliar o carinho, o contentamento<br />Desbrandalize!<br /><br />A rua Antônio da Veiga, o meu sonho, meu primeiro caminho de casa<br />Em terra nova<br /><br />Inova, inova, tradição loira,<br />Esse peito, esse jeito bem peixeiro<br />Que aqui tem gente, e pouca história serve<br />Pra seqüência<br /><br />Rostos, cores de cabelo, de lábios, contornos<br />Coxas, vestidos, saias sem vento são teclas de rock n´roll<br /><br />Loira!<br /><br />Que te quero nova, porque nosso momento, a memória, o prazer,<br />Foi o doce primeiro ponto de ônibus quando vi perfilados meus dois bares vizinhos<br />E minhas noites de sair sozinho feito aquele tal doutor que falas tanto<br />Assim, contra quem diz que deixar seu povo é morrer de medo<br />Porque eu só morri de amores<br />Pela Vivi, pela Van.<br /><br />Essa lembrança tua está pendurada<br />No calendário meu de final de ano<br />Nos dias a contar<br />Desde agora<br /><br />Em boa, melhor hora impossível.<br />No nosso aniversário. Bem assim, entre o meu e o teu, o nosso!<br />Que passem as fridas, suas vidas, suas idas e vindas!<br />Que se esfreguem mal vestidas no meu pau em Blumenau.</p><p><span style="font-size:85%;">Daniel CostadeSSouza escreve no blog <a href="http://www.blog.costadessouza.com/">Texto Decorado</a>.</span></p><p> </p>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-82493563241693311342009-01-27T15:48:00.001-02:002009-01-27T15:49:47.894-02:00Um outro blog, um blog novo. Dois agora.Quando tiver assunto aqui, escrevo aqui. <a href="http://mmlabes.blogspot.com/">Quando tiver assunto lá, escrevo lá.</a> A questão é que, aqui, não se trata de assunto. Não sei de quê se trata, afinal, essa coisa de escrever. Mas se ela está aqui, agora (ela é e está, e vem mais estando do que sendo ultimamente), é necessário tornar o escrito capaz de ser lido. Portanto. Pois bem.Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-91634539565733335942009-01-21T19:48:00.003-02:002009-01-21T19:53:56.188-02:00MemePrimeiro, li no blog do <a href="http://roferoli.blogspot.com/">Rodrigo Oliveira</a>. Depois, no do <a href="http://www.blog.costadessouza.com/">CostadeSSouza</a>, de onde partiu o convite para eu também responder a estas perguntas:<br /><br />1. Livro/autor(a) que marcou sua infância:<br /><br />Uma releitura da história do Barba Azul que me perturbou a vida. Falando nisso, nunca voltei pra saber quem fora o tal. Matava as mulheres, o desgraçado. E o exemplar da escola ainda era ilustrado. ILUSTRADO. Eu tinha só dez anos, pô!<br /><br />2. Livro/autor(a) que marcou sua adolescência:<br /><br />Sem dúvida, José Mauro de Vasconcellos com seu Meu Pé de Laranja Lima e uma antologia incompleta do Castro Alves.<br /><br />3. Autor(a) que mais admira:<br /><br />Pergunta difícil. Gosto muito do Bandeira na poesia. É ele quem me define o que é a tal. Mas gosto do Camus, do Sartre, do Saramago, do Cony e do Nizan naquela prosa existencialista deles. E tem o García Márquez, que não é existencialista e é bom pacas.<br /><br />4. Autor(a) contemporâneo:<br /><br />Se espero ler mais alguma coisa de mais alguém que eu tenha lido ultimamente e que ainda esteja vivo? Quero ler mais do Gregory Haertel e do Godofredo de Oliveira Neto na prosa e do Mauro Galvão e do Viegas, da poesia deles.<br /><br />5. Leu e não gostou:<br /><br />Se não gostei, não terminei de ler. Daí não conta. Ah sim. Não gosto do Olsen Jr.<br /><br />6. Lê e relê:<br /><br />Sartre, Henfil, Bandeira, José Endoença e Mauro Galvão.<br /><br />7. Manias:<br /><br />Comprar livros e deixá-los pegando poeira na estante. Nunca comprar um livro de autor desconhecido que não tenha sido muito bem recomendado. Ler aos poucos, dentro do ônibus, na fila, na lanchonete... Ficar triste quando um livro muito bom está em vias de acabar (a propósito, isso acontece agora com Matéria de Memória, do Cony). E criticar o que eu acho que merece ser criticado (risos!).<br /><br />E a lista segue adiante (não pode parar a brincadeira, entendeu?) recomendada aos colegas:<br /><br />Marcito: <a href="http://libidinagens.blogspot.com/">http://libidinagens.blogspot.com/</a><br />Viegas: <a href="http://viegasdacosta.blogspot.com/">http://viegasdacosta.blogspot.com/</a><br />e Cadu: <a href="http://caduhenning.blogspot.com/">http://caduhenning.blogspot.com/</a>.Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-75422157082582492842009-01-11T18:18:00.003-02:002009-01-11T18:31:42.709-02:00Novamente Aguardo.<a href="http://3.bp.blogspot.com/_qbvM8fO1XiY/SWpW7iOAPAI/AAAAAAAAAGU/1S8ihGYi7Vg/s1600-h/ATgAAAAsf1sfCyouxhY7nsFKWFugeqEueaMKW5FJZ71cbivxeORFLsuA6PU-HjS2GXZsxGwe3SrTXJhaevC7cQlX9yCNAJtU9VAtPRFxDbFVI672AvYsVZA5c_MhRA.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5290136293097880578" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 235px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/_qbvM8fO1XiY/SWpW7iOAPAI/AAAAAAAAAGU/1S8ihGYi7Vg/s320/ATgAAAAsf1sfCyouxhY7nsFKWFugeqEueaMKW5FJZ71cbivxeORFLsuA6PU-HjS2GXZsxGwe3SrTXJhaevC7cQlX9yCNAJtU9VAtPRFxDbFVI672AvYsVZA5c_MhRA.jpg" border="0" /></a><br /><div>Adriana, por Daniel CostadeSSouza.</div><br /><a href="http://www.flickr.com/photos/costadessouza">http://www.flickr.com/photos/costadessouza</a><br /><a href="http://www.blog.costadessouza.com/">http://www.blog.costadessouza.com/</a>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-63429731878920195872008-11-20T16:22:00.004-02:002008-11-20T16:34:21.547-02:00Destes tempos em AguardoDE COMO UM ESCRITOR CONSEGUE, A PARTIR DE SUA REALIDADE, DECODIFICAR O MUNDO E O HOMEM<br /><br />Há algumas questões acerca da Literatura que merecem respostas, embora se vá discutir toda uma vida a respeito do que é ou não é um texto literário, se o poema tem ou não poesia, se o romance chega ou não ao seu objetivo, que também é algo a se discutir: qual o objetivo de um romance.<br /><br />Numa mesa-redonda acontecida em agosto deste ano, cujo tema era a poesia blumenauense, dois de seus participantes defenderam que em tempos de pós-modernidade tecnológica não se pode mais falar sobre um texto de aqui ou acolé. Dessa forma, portanto, não poderíamos determinar um texto através do lugar onde ele é escrito. Um dos participantes, José Endoença Martins, defendeu o lugar de origem do texto, de modo que sua localização pode determinar sua importância para os leitores daquele local de origem. Pois bem, aceito essa visão para continuar a escrever este texto.<br /><br />Para quem já tinha assistido às peças de Gregory Haertel, seu romance talvez tenha sido menos doloroso. Mas acredito que poucos tiveram, até então, a oportunidade de ler Haertel. Muitos de nós assistimos às suas personagens mergulhadas nas próprias dores, cientes ou não de suas insanidades. Assim, parece redundante querer escrever sobre como Aguardo, o primeiro romance do autor de peças como A Parte Doente e Volúpia, pode remexer conceitos e estômagos. No entanto, é preciso falar a respeito.<br /><br />Aguardo desestrutura. Sua própria estrutura narrativa, assemelhando-se ora a uma novela, ora a um livro de contos, o torna uma obra singular. Mas não é somente a estrutura do texto e sua belíssima composição que agradam. Pra quem espera mais, lá está: Haertel, escrevendo sobre sua cidade imaginária, com personagens imaginárias (ou não, claro está) ao mesmo tempo em que desconstrói o mito há muito tempo enraizado, por estas bandas, de que nosso passado é belo, indolor, e nosso presente é fértil, também conta uma bela história para ser lida em qualquer canto do mundo.<br /><br />“Não obstante toda dor, há sempre o que piorar”, escreve Pépe Sedrez na orelha de Aguardo. De fato: se há um consenso a respeito do sentido de escrever e ler literatura, este se encontra na capacidade de a) o autor, a figura alienígena da sociedade, conseguir pôr em palavras o que o incomoda e b) o leitor, necessitado de um ponto de vista ficcional, procurar uma saída na literatura. Literatura sem dor, portanto, o que seria? Aguardo é incômodo, é não saber se situar entre personagens, entre os rumos indevidos (porque tão reais e necessários) que a história toma e, sobretudo, não querer se encontrar nas páginas do romance.<br /><br />É aqui, então, que volto a uma das primeiras questões deste texto. Ouso, para isso, citar este romance Aguardo, de Haertel, como a obra que a prosa blumenauense necessitava para se sentir, de fato, literatura. Indiretamente ligado a um passado fértil da prosa ficcional, que tem origem, principalmente, no texto de Urda Kluger — e mais recentemente na obra policial de Maicon Tenfen — Gregory aponta para um futuro promissor na literatura. O que não quer dizer que este autor prometa, porque mais cumpre do que realmente promete; mas que, de certa forma, Aguardo tem o poder de, ao mesmo tempo em que mira diretamente para as origens de seu autor, afastar-se dessas mesmas origens para justamente evitar qualquer tipo de descrição inglória: sua literatura não é daqui, não é dali. É literatura e é boa.<br /><br />Encontrando-me com e enfrentando as personagens de Haertel, não consigo parar de pensar em dois autores franceses que admiro muito. De um lado, Camus denuncia o absurdo do homem e da sociedade ocidental do século XX a partir de histórias cotidianas, sempre tão bem metaforizadas que — hoje se vê — não importam as localizações geográficas e culturais de seus leitores: o absurdo não tem idioma. Justaposto a este, Nizan aproveita-se de uma viagem à cidade de Aden, no Iêmen, para denunciar a sociedade francesa e, mesmo que depois de trinta anos, ser um dos principais inspiradores da revolução cultural causada pelo Maio de 68.<br /><br />Se não dou pistas de onde Aguardo chega e de onde sua leitura nos leva, é para não tirar do leitor a oportunidade de ler um romance que há muito era aguardado. E que finalmente chegou.Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-53029410056317215492008-09-03T12:09:00.003-03:002008-09-03T12:15:07.392-03:00A literatura sobrevive e, às vezes, protagoniza.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_qbvM8fO1XiY/SL6p8LaymVI/AAAAAAAAAFY/yc7vy3mAcdE/s1600-h/leitura2.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="http://3.bp.blogspot.com/_qbvM8fO1XiY/SL6p8LaymVI/AAAAAAAAAFY/yc7vy3mAcdE/s320/leitura2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5241813867628239186" border="0" /></a>Santa Catarina, eu repito, não é um estado de espírito<st1:personname st="on">.</st1:personname> Preciso provar? Pois bem, então o faço através deste relato a respeito do I Encontro de Literatura e Artes e do III Fórum Brasileiro de Literatura de Blumenau, acontecido no passado mês de agosto<st1:personname st="on">.</st1:personname> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p>Idealizado pelas professoras Tuca Ribeiro e Marilene Schramm, o evento foi acolhido pela FURB – Universidade Regional de Blumenau, pela Fundação Fritz Müller e pela Fundação Cultural de Blumenau, com o apoio da SEB – Sociedade Escritores de Blumenau<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="">FICÇÃO, LEITURA E IDENTIDADE<o:p></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Foi com este tema que o escritor Godofredo de Oliveira Neto, blumenauense radicado no Rio de Janeiro, começou o evento<st1:personname st="on">.</st1:personname> Godofredo, um dos maiores autores paridos por este estado e, atualmente, um dos maiores nomes da literatura brasileira, teve uma fala rica em reflexões a respeito da identidade do escritor e do leitor<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Autor de romances importantes na bibliografia nacional, como Pedaço de Santo e O Menino Oculto, Godofredo saiu aos 17 anos de Blumenau<st1:personname st="on">.</st1:personname> Foi para a França, voltou, e já vive há bastante tempo no Rio<st1:personname st="on">.</st1:personname> Mas o que isso teria a ver, afinal, com a sua escrita e a relação desta com o solo blumenauense? Talvez sejam necessárias raízes para se escrever e talvez essas raízes tenham importância desigual na composição literária<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nada melhor para provar que, de fato, a relação do escritor com suas origens influenciam o seu texto<st1:personname st="on">.</st1:personname> Para quem já o leu, é clara o contato que Godofredo mantém com terras catarinenses<st1:personname st="on">.</st1:personname> E imagino que O Bruxo do Contestado, o primeiro romance famoso do autor, exemplifique o que tento dizer<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="">E O DIABO?<o:p></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Boa pergunta<st1:personname st="on">.</st1:personname> Muito boa mesmo! Pois que ele, o Diabo, talvez nunca tenha sido tão estudado e respeitado antes<st1:personname st="on">.</st1:personname> É que a Profa<st1:personname st="on">.</st1:personname> Dra<st1:personname st="on">.</st1:personname> Salma Ferraz, da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, grande estudiosa literária influenciada e protagonista em terras brasileiras da Teopoética (estudos comparados de literatura e teologia) veio nos falar sobre As Malasartes do Diabo na Literatura Ocidental<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Salma fez um panorama, portanto, comparando os estudos literários que remetem ao Santíssimo (falo de Deus), mas que dificilmente remetem ao tinhoso<st1:personname st="on">.</st1:personname> Explanando, portanto, a Bíblia, a Torá e o Corão, partindo daí para análises de teólogos a respeito da figura do Diabo, utilizando-se também de algumas súmulas católicas e finalmente retomando análises literárias, Salma nos mostra que o Diabo, afinal, não somente é parte importante e necessária da fé ocidental, como uma grande figura merecedora de análise<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ao final de sua fala (uma hora e meia sem respirar — fala substancial, sem dúvida — Salma lançou seu novo livro de ficção<st1:personname st="on">.</st1:personname> Depois de O Ateu Ambulante, livro recheado de contos premiados e, por assim dizer, questionadores, Salma lança um livro mórbido<st1:personname st="on">.</st1:personname> A Ceia dos Mortos não poderia falar sobre outra coisa se não sobre morte<st1:personname st="on">.</st1:personname> O que se lê, adianto, são variações sobre o mesmo inevitável tema<st1:personname st="on">.</st1:personname> E variações variadas, contundentes, merecedoras de leitura<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="">TEM LUGAR PRA POESIA?<o:p></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tem sim, leitor<st1:personname st="on">.</st1:personname> Na terceira noite do evento, aconteceu a mesa-redonda Poesia Blumenauense: De Onde Viemos, Para Onde Vamos, onde tive o prazer de compartilhar a fala com grandes autores, merecedores de leitura e atenção<st1:personname st="on">.</st1:personname> Ali estavam, portanto, o Prof<st1:personname st="on">.</st1:personname> Dr<st1:personname st="on">.</st1:personname> José Endoença Martins, o Ms<st1:personname st="on">.</st1:personname> Marcelo Steil, o poeta Mauro Galvão e este que vos escreve, Marcelo <st1:personname st="on">Labes</st1:personname><st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Falando sobre a poesia produzida em Blumenau desde o século XIX, quando ainda era escrita em língua alemã, Marcelo Steil construiu sua fala sobre as noções marxistas de ideologia os respectivos reflexos desta na criação literária<st1:personname st="on">.</st1:personname> Em seguida, rompendo estruturas, o professor José Endoença Martins referiu-se não somente à teoria de sua autoria sobre a poesia blumenauense, como foi além, reconstruindo sua carreira poética e acadêmica, chegando à pós-modernidade e explicando, por exemplo, estudos seus sobre negrice, negritude e negritice<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em seguida, Mauro Galvão contemplou a pós-modernidade presente em seu texto, mas principalmente refletiu a necessidade de se ler, seja lá o que for, incluindo aí a quebra de limites imposta pela internet e seus possíveis reflexos na leitura do objeto-livro e nos hábitos de leitura e escrita da contemporaneidade<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Finalizando, foi a minha vez de falar e não podia perder a oportunidade de explicar às pessoas que nos ouviam que, baseado no que tinha ouvido nos dois dias anteriores, a leitura dos poetas que me acompanhavam na mesa-redonda não era somente necessária, mas obrigatória<st1:personname st="on">.</st1:personname> Não porque eles precisem vender livros, mas porque precisamos de leitores críticos<st1:personname st="on">.</st1:personname> Dessa forma, uma vez que tratamos de literatura blumenauense, imagino que seja um caminho interessante iniciar a crítica a partir de nossa realidade<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="">UM EVENTO QUE AINDA PROMETE<o:p></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A professora Tuca Ribeiro não escondeu suas intenções<st1:personname st="on">.</st1:personname> “Queremos iniciar aqui uma nova Jornada Literária, uma nova FLIP”<st1:personname st="on">.</st1:personname> De fato, o primeiro passo foi bem dado<st1:personname st="on">.</st1:personname> Discutindo leitura, identidade, ficção, o diabo na literatura ou os caminhos da poesia escrita em Blumenau, imagino que possamos ter participado de algo maior<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A partir do momento em que o pontapé inicial foi dado, resta-nos esperar pelo ano que vem para sabermos o que de fato acontecerá<st1:personname st="on">.</st1:personname> De qualquer forma, o que ficou claro durante este evento é que não há somente pessoas interessadas em discutir literatura, conforme as pessoas presentes que falaram a respeito de seus e outros textos<st1:personname st="on">.</st1:personname> Sobretudo, e digo isso baseado nos presentes, há pessoas interessadas em ouvir o que se tem a dizer a respeito do texto literário<st1:personname st="on">.</st1:personname> Dessa forma, o que se pode esperar é que a semente germine<st1:personname st="on">.</st1:personname> Germine e dê frutos e se torne uma grande árvore<st1:personname st="on">.</st1:personname> Árvore de textos ou qualquer coisa assim<st1:personname st="on">.</st1:personname></p><o:p style="font-style: italic;"></o:p> <span style="font-style: italic;">Publicado originalmente no </span><a style="font-style: italic;" href="http://www.overmundo.com.br/">Overmundo</a><span style="font-style: italic;">.</span>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-61215863177995264402008-08-19T12:23:00.000-03:002008-08-19T12:48:42.472-03:00FICÇÃO, LEITURA E IDENTIDADE<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_qbvM8fO1XiY/SKrrEG40BAI/AAAAAAAAAFQ/kQ1ZcZEq1BA/s1600-h/forum.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="http://1.bp.blogspot.com/_qbvM8fO1XiY/SKrrEG40BAI/AAAAAAAAAFQ/kQ1ZcZEq1BA/s320/forum.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5236255972572529666" border="0" /></a><br /><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><st1:metricconverter productid="26 a" st="on"><b><span style=";font-family:";" >26 a</span></b></st1:metricconverter><b><span style=";font-family:";" > 29 de agosto de 2008</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><b><span style=";font-family:";" >CONVITE</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><b><span style=";font-family:";" >Nos dias 26, 27, 28 e 29 de agosto do corrente ano, a FURB, em parceria com a Fundação Fritz Müller, realizará o 1º</span></b><b><span style=";font-family:";" > </span></b><b><span style=";font-family:";" >Encontro de</span></b><b><span style=";font-family:";" > </span></b><b><span style=";font-family:";" >Leitura e Arte de Santa Catarina e o 3º Fórum Brasileiro de Literatura de Blumenau<st1:personname st="on">.</st1:personname></span></b><span style=";font-family:";" > O evento ocorrerá nas dependências da Fundação Cultural de Blumenau e na FURB, conforme cronograma abaixo<st1:personname st="on">.</st1:personname><br />Convidamos você a participar do evento e divulgá-lo amplamente<st1:personname st="on">.</st1:personname><br />É uma oportunidade para incentivar a formação de leitores críticos e apreciadores de literatura, artes visuais, música e teatro<st1:personname st="on">.</st1:personname></span></p> <h2 style="text-align: center;" align="center"><span style=";font-family:";" >Programação</span></h2> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><b><span style=";font-family:";" >1o<st1:personname st="on">.</st1:personname> Encontro de Leitura e Arte de Santa Catarina e </span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><b><span style=";font-family:";" >3o<st1:personname st="on">.</st1:personname> Fórum Brasileiro de Literatura de Blumenau</span></b></p> <p class="MsoNormal" style=""><b><span style=";font-family:";" >18:30 – FCBLU</span></b></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style=";font-family:";" >26/08/08 – Abertura </span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style=";font-family:";" >Palestra: Blumenau – Ficção, paixão, identidade<st1:personname st="on">.</st1:personname></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style=";font-family:";" >Dr<st1:personname st="on">.</st1:personname> Godofredo de Oliveira Neto</span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style=";font-family:";" >27/08/08 </span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style=";font-family:";" >Palestra: As malasartes do diabo na literatura ocidental</span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style=";font-family:";" >Dra<st1:personname st="on">.</st1:personname> Salma Ferraz</span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style=";font-family:";" >Noite de autógrafos</span></p> <p class="MsoNormal" style=""><b><span style=";font-family:";" >28/08/08 - Mesa redonda:</span></b></p> <p class="MsoNormal" style=""><b><span style=";font-family:";" >Poesia blumenauense – de onde viemos, para onde vamos</span></b></p> <p class="MsoNormal" style=""><b><span style=";font-family:";" >Marcelo <st1:personname st="on">Labes</st1:personname>, Dr<st1:personname st="on">.</st1:personname> José Endoença Martins, Ms<st1:personname st="on">.</st1:personname> Marcelo Steil, Mauro Galvão</span></b></p> <p class="MsoNormal" style=""><b><span style=";font-family:";" >Noite de autógrafos</span></b></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style=";font-family:";" >14:00 – FCBLU</span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style=";font-family:";" >29/08/08 – Abertura da exposição “Ler é pra cima”</span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style=";font-family:";" >19:00 – Auditório Bloco T – FURB</span></p> <p class="MsoBodyText"><span style=";font-family:";" >29/08/08 – Palestra:</span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style=";font-family:";" lang="EN-US">Moving Beyond Plateau – from Intermediate to Advanced Levels in Language Learning</span><span style="" lang="EN-US"><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style=";font-family:";" lang="EN-US">Daniela <st1:personname st="on">A<st1:personname st="on">.</st1:personname></st1:personname> Meyer</span></p> <p class="MsoNormal" style=""><span style=";font-family:";" >Inscrições: <a href="http://www.ffmblu.com.br/">www.ffmblu.com.br</a> ---- Informações: </span><span style=";font-family:";" lang="EN-US"><a href="mailto:cce@furb.br"><span style="" lang="PT-BR">cce@furb.br</span></a></span><span style=";font-family:";" > - (47) 3321 0251<br />Coordenadoras: Maria José Ribeiro, Marilene de Lima Körting Schramm<st1:personname st="on">.</st1:personname></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt;">Deu pra ver ali a mesa-redonda? Pois bem, ela acontece justamente como complemento (ou contrapartida) do Projeto Falações<st1:personname st="on">.</st1:personname> Antes de apresentar os integrantes da mesa, é necessário um agradecimento especial às professoras coordenadoras do evento, Tuca Ribeiro e Marilene Schramm, que adotaram a idéia da mesa-redonda, proveniente do projeto Falações, como parte integrante e necessária para o debate em torno da literatura<st1:personname st="on">.</st1:personname><br /><br />Pois bem, participarão da mesa, portanto, quatro escritores de Blumenau que têm em comum publicações <st1:personname productid="em poesia. No" st="on">em poesia<st1:personname st="on">.</st1:personname> No</st1:personname> entanto, é preciso fazer a justa ressalva de que este colóquio inicial sente falta de algumas pessoas; mas pode ser o ponto inicial para uma série de conversas a respeito da produção literária a partir de Blumenau<st1:personname st="on">.</st1:personname><br /><br />Dos participantes:<br /><br />Foram convidados a integrar a mesa pessoas que podem ser consideradas peças-chave da poesia <st1:personname productid="em Blumenau. A" st="on">em Blumenau<st1:personname st="on">.</st1:personname> A</st1:personname> começar, portanto, a apresentação destes debatedores, elucido seus contatos com a cronologia da literatura blumenauense, para ficar claro<st1:personname st="on">.</st1:personname><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Marcelo Steil</span>, além da conhecida e respeitada produção poética na década de 1990 (de quando datam alguns das mais importantes obras literárias desta região), Steil também pôs-se a pesquisar a literatura em língua alemã escrita no Brasil no século XIX<st1:personname st="on">.</st1:personname> Ao lado de Valburga Huber, Steil é um dos pesquisadores que com maior segurança pode falar a respeito deste fenômeno imigrante que foram a produção poética e o silenciamente ocasionado pelos ideais do Estado Novo, de Vargas<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt;"><span style="font-weight: bold;">José Endoença Martins</span> é poeta, escritor e dramaturgo<st1:personname st="on">.</st1:personname> Não bastasse, é o grande teórico da produção literária <st1:personname productid="em Blumenau. Emprestando" st="on">em Blumenau<st1:personname st="on">.</st1:personname> Emprestando</st1:personname> conceitos como Deutschtum e Brasilianertum, Saudade e Esperança, de Huber e Steil, Endoença questiona a Blumenalva e a Nauemblu, correntes teórico-literárias opostas e dependentes uma da outra<st1:personname st="on">.</st1:personname> Figura, hoje, como um dos maiores poetas de Santa Catarina<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt;"><span style="font-weight: bold;">Mauro Galvão</span>, ao lado de Steil e Endoença, integrou o grupo de poetas experimentalistas da década de 1990<st1:personname st="on">.</st1:personname> Tendo publicado seu último livro em 2002, tem muito a compartilhar a respeito de poesia<st1:personname st="on">.</st1:personname> Com uma escrita seca e de alta informatividade, Galvão encontra-se dentre os escritores pós-modernos catarinenses; embora respeitado pela crítica, ainda merece aprofundamentos em sua literatura<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt;"><span style="font-weight: bold;">Marcelo </span><st1:personname style="font-weight: bold;" st="on">Labes</st1:personname> é este que vos escreve<st1:personname st="on">.</st1:personname> Com uma participação quase-ativa na internet, publicou seu primeiro livro neste ano de 2008<st1:personname st="on">.</st1:personname> Otimista, acredita que ainda há muito que se ler <st1:personname productid="em Santa Catarina. Isso" st="on"><st1:personname productid="em Santa Catarina." st="on">em Santa Catarina<st1:personname st="on">.</st1:personname></st1:personname> Isso</st1:personname> porque leitura quase sempre acaba <st1:personname productid="em escrita. E" st="on">em escrita<st1:personname st="on">.</st1:personname> E</st1:personname> escrita sobre a leitura, que é o que se faz aqui, é uma das melhores maneiras de se aprimorar a escrita da crítica e dos respectivos escritores<st1:personname st="on">.</st1:personname> Por isso, enquanto não se decepciona, procura construir debates sóbrios a respeito da produção literária catarinense<st1:personname st="on">.</st1:personname> <span style=""> </span><br /><br /> <!--[if !supportLineBreakNewLine]--> <!--[endif]--></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-90056169305924334082008-08-06T14:32:00.000-03:002008-08-06T14:51:06.450-03:00Poesia Twist, por Rodrigo Oliveira<span style="font-weight: bold;">A verdadeira surpresa surge quando alguém que escreve passa a comentar a escrita do outro. Leitores atentos, os há em cada canto, claro! Mas Rodrigo Oliveira foi além de um leitor atento e escreveu o texto a seguir sobre Falações:<br /><br /></span><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold;">Poesia Twist. Poesia com um toque de limão.<br /><br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-weight: bold;"></span>Quando eu era bem mais novo, havia um limoeiro em minha casa. Pequeninho, mas dava uns limõezinhos. E lá ia eu, catava um limão e, não muito esperto, chupava. Era azedo. Não tinha jeito de chupar aquilo sem fazer careta. E se tinha um corte ou uma afta na boca, pior ainda. Aquilo ardia como os diabos. E o pior é que depois de tudo isso, não tinha como não repetir o processo. E eu ficava ali. Chupava o limão azedo, fazia careta, ardia, mas continuava. Excluindo-se a possibilidade de eu ter sido uma criança não muito esperta ou possíveis tendências masoquistas, é mais ou menos isso que aconteceu quando comecei a folhear <span style="font-weight: bold;">Falações</span>, livro de poemas de <a href="http://www.falacoes.blogspot.com/">Marcelo Labes</a>.<br /><br />Não foi fácil ler <span style="font-weight: bold;">Falações </span>sem fazer careta. Labes destila um suco ácido e, com freqüência, azedo. E eu cá com minhas aftas e cortes, volta e meia senti arder os versos do autor. Falações se divide em quatro momentos distintos. <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Altenatintas </span>abre com o solitário <span style="font-style: italic;">Até Quando</span> e já pincela os primeiros elementos melancólicos que vêm se repetir mais tarde, e lembra, com uma escada 'reta em caracol', que “não se pode voltar atrás / quando se diz que ama”. <span style="font-style: italic;">Fiação e Tecelagem</span> traz a acidez na leitura da vida operária “de 8 horas trabalhadas / e 16 de aflição” que termina com “casa na praia encostada / carro do ano passado / e plena realização: / artrite artrose bursite / aposentadoria e caixão”. É seguido pelo azedo <span style="font-style: italic;">Manhã</span>, difícil de engolir como a constatação “Por que não respondes? / Meu Deus, / estás fria!”. No capítulo se destaca ainda <span style="font-style: italic;">O Barco</span>, que atenta em letras garrafais “NUMA CIDADE VITRINE / FORA DE TOM É PECADO”, num retrato de um barco que “porque não navega / não pode ser afundado”. Este poema, ao lado de <span style="font-style: italic;">Fiação e Tecelagem</span>, torna difícil sair de manhã e não rever suas linhas na nas ruas da cidade. Mas ainda assim, tudo parece passar voando, quase despercebido pela maioria. Como descobre <span style="font-style: italic;">Passarinho</span> com seu final seco e despreocupado “Que foi isso? / e virou-se para o lado. / Passarinho na janela, / disse ela”. Assim fica mais fácil concordar com o narrador em <span style="font-style: italic;">Bi-bap-dera-nudara</span>, que pede: “Acende, Maria, o pavio / e deixa a vida explodir”. O capítulo encerra escarrando suas verdades, tentando aparentemente expeli-las, livrar-se delas com <span style="font-style: italic;">Expectorante</span>, que tenta com força “Cuspir fora saudade, lembranças. / Cuspir fora saudade, tristeza. / Cuspir e ver escorregar. / Verde”.<br /><br />Em <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Reflexscintos </span>destaco o lírico <span style="font-style: italic;">Canção </span>que parece, junto com <span style="font-style: italic;">Sapiência Cartesia</span> uma tentativa do autor, não em definir-se, mas em encontrar-se. Chamou-me a atenção o fato de que, nos dois poemas, o poeta o é, através dos outros, nunca de si mesmo. Em <span style="font-style: italic;">Canção </span>“Eu me chamo aquilo que dizes”, “Eu me chamo o nome que vais dizer”, “Eu chamo / a tua alegria / ao repetires o som / do meu nome” e em <span style="font-style: italic;">Sapiência Cartesiana</span> “E os que me querem saber / acabam me sendo. / Sou todos os que me sabem eu”. O poeta, procurando encontrar-se, perde-se (ou finalmente encontra-se) no leitor. O autor deixa-se arrebatar novamente pela estética crua, curta e grossa no impactante <span style="font-style: italic;">In Vitro</span> que encerra o beijo com trinta e dois dentes quebrados. A saudade também deixa sua acidez em <span style="font-style: italic;">Ontem</span> e <span style="font-style: italic;">Simplificante</span>, uma saudade que arde como limão em boca machucada.<br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Febres </span>traz uma série de dez poemas. O capítulo tem, evidentemente, certa unidade semântica e mesmo estética, mas esta é solta, flertando com o non sense, os poemas bastante independentes. Dentre as febres de Labes, chamo atenção para <span style="font-style: italic;">Febre#07 </span>onde o tornar-se adulto é chato mas sem remédio, <span style="font-style: italic;">Febre#08</span> com o poeta em busca do grande poema, mas termina entregando-se “escreveria o grande poema / se soubesse por que”. O ótimo <span style="font-style: italic;">Febre#10</span> retorna com toda a acidez e inunda nossas chagas com o ardor da constatação: “Caíram-me os pêlos, / a origem insiste. / Bicho”. <span style="font-style: italic;">Febre#12</span> retoma o ataque ao “Produto financiado / por bandas de rock inglês / e poetas franceses / que não compreendes”.<br /><br />Por fim, <span style="font-weight: bold; font-style: italic;">intransiGENTES</span>, encerra os capítulos num apanhado da obra. <span style="font-style: italic;">para paula</span> (assim, em minúsculo mesmo) brinca com as palavras “plantandolorosamente um canto”. <span style="font-style: italic;">O Filósofoso</span> “Tentou viver de idéias / e morreu de fome” e acabou por “pôr para fora as verdades / que só a ele pertenciam, e mais ninguém”. Em <span style="font-style: italic;">Iminência </span>percebe-se “Que não valia a pena / viver sob certas iminências” e nos afogamos junto com os personagens. Mas em <span style="font-style: italic;">Findados </span>o narrador ensina: “Vós, que morrestes, o mundo, / o mundo é sempre dos vivos”. E retoma com <span style="font-style: italic;">Cíclico</span> sobre aqueles que se deixaram afogar: “(e há uma semana enterrado, / o que terá pensado / quando o primeiro verme matutino / veio lhe perfurar a coxa)”. Ainda assim <span style="font-style: italic;">Fatalidade </span>parece lembrar que esse mesmo afogamento é inevitável: “Causa mortis: afogamento: não parava de chorar.” Retomando estas constatações <span style="font-style: italic;">Ratos </span>encerra rápido, dinâmico (quase musical) e ainda ácido um apanhado de verdades roídas e a presciência “Vai ter pesadelo, filhinho / e acordar com a cara inchada”.<br /><br />A obra conta ainda com um ensaio de <a href="http://www.joseendoencamartins.pro.br/">José Endoença Martins</a>, localizando Labes dentre os poetas blumenauenses. Vale a pena ler até para descobrir novos nomes da poesia de Blumenau.<br /><br />Ao espremer <span style="font-weight: bold;">Falações</span>, o leitor deve também se deparar com o mesmo sumo ácido que me chamou a atenção. E cuidado: se você também tiver algumas fissuras, a leitura pode lhe arder à boca. Se há algo de doce em <span style="font-weight: bold;">Falações </span>— e há, sem dúvida — serve para aumentar o contraste com a acidez da obra. Mas se você for como eu, vai perceber que não é tão fácil largar <span style="font-weight: bold;">Falações</span>, mesmo fazendo careta. Talvez a resposta não esteja impressa no livro, mas uma pista descobri na página de rosto. Adquiri o livro do próprio autor, no lançamento, com o devido autógrafo e dedicatória. Como de costume, só li a dedicatória em casa, quando fui dar as primeiras folheadas no livro, no dia seguinte. E lá estava, na caligrafia de Labes: “Eu insisto: há que se escrever, há que se escrever mais. Vamos, então, adiante”. Talvez seja isso. Ainda que tenhamos o azedume e a acidez dos limões, é preciso escrever. É preciso ler. Afinal, como dizem por aí, se a vida nos dá a acidez dos limões, façamos, pois, limonada. Ou poesia.<br /><br /><br /><span style="font-style: italic;">Como não me canso de falar, a grande proposta deste blog ou do projeto que deu origem ao livro é a discussão sobre literatura. Que a discussão nos fortaleça, então!</span><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;"></span></div><span style="font-weight: bold;"><br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-weight: bold;"></span><br /><span style="font-weight: bold;"></span></div><span style="font-weight: bold;"></span></div>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-59604729744440163472008-07-31T12:19:00.000-03:002008-08-01T04:47:08.377-03:00O Detetive de Florianópolis<div style="text-align: center;"> </div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt; font-weight: bold;">Há 25 anos, surgia nas páginas dO Estado uma figura que se tornaria lendária entre leitores assíduos de literatura de suspense. Hoje, se vê que O Detetive de Florianópolis, do escritor catarinense Jair Francisco Hamms, ia muito além de pregar o leitor em suas páginas.</p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://bp2.blogger.com/_qbvM8fO1XiY/SJHbck-5G2I/AAAAAAAAAEU/13eXdK0vNuA/s1600-h/detetive.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="http://bp2.blogger.com/_qbvM8fO1XiY/SJHbck-5G2I/AAAAAAAAAEU/13eXdK0vNuA/s320/detetive.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5229201926364142434" border="0" /></a><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Se Bagé tem o seu analista e Curitiba tem o seu vampiro, Florianópolis não fica atrás<st1:personname st="on">.</st1:personname> Data de <st1:metricconverter productid="1983 a" st="on">1983 a</st1:metricconverter> compilação de crônicas O Detetive de Florianópolis, de Jair Francisco Hamms<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Da ironia ao escracho, acompanhamos, do surgimento ao casamento, o “desempregado, endividado, nervoso, aporrinhado à beça, Domingos Tertuliano Tive”, D<st1:personname st="on">.</st1:personname>T<st1:personname st="on">.</st1:personname> Tive – detetive particular<st1:personname st="on">.</st1:personname> Em dez crônicas, Hamms consegue fazer rir, rir muito, e ainda nos deixa com gosto de quero mais, depois que Tive casa-se com a sua<st1:personname st="on">.</st1:personname><st1:personname st="on">.</st1:personname><st1:personname st="on">.</st1:personname> bem, não é interessante entregar o jogo, ainda mais em caso de investigação<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">A semelhança com O Analista de Bagé surge desde a capa<st1:personname st="on">.</st1:personname> Publicado cinco anos antes por Luis Fernando Veríssimo, O Analista também surgiu primeiro em jornais, para depois ocupar as páginas do livro que todos conhecemos<st1:personname st="on">.</st1:personname> No entanto, não vão muito longe as semelhanças: o personagem de Hamms é astuto, sedutor e em diversas ocasiões, um galanteador refinado<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Se precisávamos de um herói catarinense que agradasse a muitos gostos, ele está ali<st1:personname st="on">.</st1:personname> É o tipo que acorda, olha pela janela, sabe que precisa se mexer e não consegue sair da cama<st1:personname st="on">.</st1:personname> Conversando com seus botões, ouve de um deles o conselho: “Que eu saiba, a cidade não tem um só detetive particular”<st1:personname st="on">.</st1:personname> Dessa forma, com dinheiro emprestado, Tive inicia uma carreira promissora e cheia de situações embaraçosas, nunca menos engraçadas<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Dessa forma, começa a investigar crimes os mais bizarros, como o caso da morte do lebréu russo, do lobisomem de Saco Grande, dos dólares de Chapecó<st1:personname st="on">.</st1:personname><st1:personname st="on">.</st1:personname><st1:personname st="on">.</st1:personname> Acompanhado pela piramidal secretária Ivete, Tive muito simplesmente resolve casos que, às vezes, não precisam de muito esforço; é aí que faz sucesso e fortuna<st1:personname st="on">.</st1:personname> Para importunar — porque sempre alguém vem encher o saco — temos ali o Pereira, piadista de mau-gosto que procura tirar o brilho de nosso herói<st1:personname st="on">.</st1:personname> Às vezes quase consegue, mas Tive não se deixa enrolar<st1:personname st="on">.</st1:personname> Ah, isso não<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">O mais instigante na obra de Hamms é que não podemos chamá-lo simplesmente como “o cara do detetive”<st1:personname st="on">.</st1:personname> Pelo título do livro, pelas primeiras dez crônicas, até que sim<st1:personname st="on">.</st1:personname> Mas não pelo todo<st1:personname st="on">.</st1:personname> Este livro, por exemplo, traz mais 21 crônicas onde o autor mostra como consegue narrar sensivelmente casos (reais ou inventados) do cotidiano<st1:personname st="on">.</st1:personname> Uma pena que não consigamos encontrá-lo nas livrarias<st1:personname st="on">.</st1:personname> </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Mas Hamms é cultuado pelos leitores assíduos de literatura de suspense<st1:personname st="on">.</st1:personname> Não à toa: unir uma boa história a bom-humor não é pra qualquer um<st1:personname st="on">.</st1:personname> Na internet, o escritor catarinense aparece em sites de sebos e raridades, onde é possível comprar O Detetive<st1:personname st="on">.</st1:personname><st1:personname st="on">.</st1:personname><st1:personname st="on">.</st1:personname> a partir de R$10,00<st1:personname st="on">.</st1:personname> O meu exemplar, comprei por R$3,00 num sebo de Blumenau<st1:personname st="on">.</st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Não se trata somente de ler Hamms, de se divertir com as aventuras de seu personagem<st1:personname st="on">.</st1:personname> Trata-se de refletir um pouco o mercado (?) editorial de e <st1:personname productid="em Santa Catarina. Hamms" st="on"><st1:personname productid="em Santa Catarina." st="on">em Santa Catarina<st1:personname st="on">.</st1:personname></st1:personname> Hamms</st1:personname>, que eu saiba, não escreveu por muito tempo<st1:personname st="on">.</st1:personname> Mas o que escreveu é bom<st1:personname st="on">.</st1:personname> Por que teria desistido? Seria pela falta de leitores? Seria por ver seus livros acabarem-se nos sebos antes mesmo de serem lidos, discutidos, lembrados? Sem dúvida, poderíamos perguntar a D<st1:personname st="on">.</st1:personname>T<st1:personname st="on">.</st1:personname> Tive onde foi parar o escritor que, com um livro apenas, fez história<st1:personname st="on">.</st1:personname> Se Tive ainda existisse, claro<st1:personname st="on">.</st1:personname> Mas ficou lá, nas páginas amareladas de 25 anos atrás<st1:personname st="on">.</st1:personname> </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span style=""> </span><span style="font-style: italic;">A edição única de O Detetive de Florianópolis foi publicada em parceria entre O Estado, onde foram publicadas inicialmente as crônicas e a Editora da UFSC</span><st1:personname style="font-style: italic;" st="on">.</st1:personname><span style="font-style: italic;"> Pesquisando por aqui, na internet, encontrei mais alguns livros de Hamms: O Vendedor de Maravilhas, Samba no Céu e um outro, de que não me recordo</span><st1:personname style="font-style: italic;" st="on">.</st1:personname><span style="font-style: italic;"> Para comprar pela internet, há disponíveis os sites <a href="http://br.gojaba.com/search/qau/JAIR+FRANCISCO+HAMMS">Gojaba</a></span><a href="http://br.gojaba.com/search/qau/JAIR+FRANCISCO+HAMMS"><st1:personname style="font-style: italic;" st="on">.</st1:personname></a><span style="font-style: italic;"><a href="http://www.traca.com.br/?mod=LV110146&origem=resultadodetalhada">com </a>e o <a href="http://www.traca.com.br/?mod=LV110146&origem=resultadodetalhada">Traça</a></span><st1:personname style="font-style: italic;" st="on">.</st1:personname> </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Boa leitura! </p>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-61508413394790411052008-07-28T14:16:00.000-03:002008-07-28T14:28:52.172-03:00Falações a respeito de FalaçõesFalações foi lançado no último dia 22. Neste post, que não expirará ou será substituído, pelo menos por enquanto, tentarei compartilhar o que se disse a respeito do livro. Por enquanto, então, deixo os comentários publicados no <a href="http://www.clicrbs.com.br/jornais/jsc/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&edition=10303&template=&start=1&section=Viver%21&source=Busca%2Ca2055328.xml&channel=31&id=0&titanterior=&content=&menu=60&themeid=&sectionid=&suppid=&fromdate=&todate=&modovisual=">Jornal de Santa Catarina</a>, em <a href="http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2059272.xml&template=4187.dwt&edition=10320&section=898">A Notícia</a> e no <a href="http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2059191.xml&template=3898.dwt&edition=10319&section=137">Diário Catarinense</a>.<br /><br />Logo, espero redirecionar para outras paragens. Mesmo porque há muito sobre o que falar. Temos, por exemplo, os 25 anos do Detetive de Florianópolis; temos Gregory Haertel com o romance Aguardo, romace há muito esperado por estas terras de cá e temos de apresentar, para quem ainda não conhece, o escritor catarioca Godofredo de Oliveira Neto, que estará em Blumenau no mês de agosto. Mas isso são planos.Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-45797338034462453732008-07-17T17:52:00.000-03:002008-08-01T20:01:32.748-03:00Falações - onde adquirir o seu<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://bp3.blogger.com/_qbvM8fO1XiY/SH-zo1wnzbI/AAAAAAAAACM/OS3Nm4JmOD0/s1600-h/2539902.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="http://bp3.blogger.com/_qbvM8fO1XiY/SH-zo1wnzbI/AAAAAAAAACM/OS3Nm4JmOD0/s320/2539902.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5224091606980218290" border="0" /></a>Falações será lançado somente na terça-feira, dia 22, mas já está disponível para compra.<br /><br />Em Blumenau, o livro pode ser encontrado na <span style="font-weight: bold;">100% Vídeo</span> (Rua 7 de Setembro, 1820 - esquina com Rua Paulo Zimmermann) e nas duas lojas da <span style="font-weight: bold;">Livraria Alemã</span> (Mega Store da Amadeu da Luz e no Shopping Neumarkt) e na <span style="font-weight: bold;">Blulivros</span>, no 2o. andar do Shopping H.<br /><br />Para quem é de fora e quiser adquirir seu exemplar, ele está disponível no site da <a href="http://www.furb.br/editora">Edifurb</a>. Quem vende são as <a href="http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=2539902&sid=01353321210716365846184353&k5=13AA8BD5&uid=">Livraria Cultura</a>, <a href="http://www.livroselivros.com.br/livro.ver.asp?produto=55414647&id_cat=Fala%E7%F5es">Livros & Livros</a>, <a href="http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/produto.dll/detalhe?pro_id=2589372&ID=C88721A77D807150A080B0934">Saraiva</a>, <a href="http://www.leonardodavinci.com.br/descricao.asp?cod_livro=LA9262">Leonardo da Vinci</a> e <a href="http://www.ciadoslivros.com.br/descricao.asp?cod_livro=LA9262">Cia. dos Livros</a> através de compra on-line. E ATENÇÃO: descontão na livraria Poïesis. 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Ainda nos vemos terça-feira!Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-53749513688538425132008-07-14T01:33:00.000-03:002008-07-14T01:47:54.133-03:00Falações - Lançamento<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://bp1.blogger.com/_qbvM8fO1XiY/SHrYhghfMzI/AAAAAAAAACE/wODYvaWpCrM/s1600-h/convite_lan%C3%A7amento.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="http://bp1.blogger.com/_qbvM8fO1XiY/SHrYhghfMzI/AAAAAAAAACE/wODYvaWpCrM/s320/convite_lan%C3%A7amento.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222724788067185458" border="0" /></a><br /><span style="font-weight: bold;"> <br /><br /> FALAÇÕES - POEMAS</span> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 45pt;">Falações pretende ser mais do que um livro. Não é a toa que tem o mesmo nome deste blog — e o projeto, de mesmo nome. Sem a pretensão de quebrar alguns paradigmas para depois construir outros, o que está em jogo é a discussão. Talvez não valha a pena tratar agora de questões espirituais (do que é feita a poesia, do que é feito o poeta), mas focar em outros pontos: existe uma produção literária interessante em Blumenau? A poesia está viva, morta, moribunda? E poeta, quem pode ser? </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 45pt;"><o:p> </o:p>Para tais questões, este blog está aberto. Aliás, tenho sabido ultimamente que muito mais pessoas acompanham este espaço do que eu supunha. E, tenho percebido, a discussão em torno da produção literária local não está longe de acontecer de forma sadia — e ao contrário do que se pudesse supor, tem muita gente a fim de conversar a respeito.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 45pt;"><o:p> </o:p>Livro pronto, esperando o lançamento, é hora de anunciar o que está por vir. No início de agosto, acontecerá no SESC Blumenau a oficina “Poesia blumenauense: de onde viemos, para onde vamos”. Este poderá ser um espaço interessante para que o diálogo, que já começou, tome forma. Tratarei, nesta ocasião, de estabelecer a cronologia desta produção poética e buscar compreendê-la através das teorias de Valburga Huber e José Endoença Martins.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 45pt;"><o:p> </o:p>A seguir, ainda no mês de agosto, acontecerá durante I Encontro de Leitura e Artes de Santa Catarina e III Fórum Brasileiro de Literatura de Blumenau uma mesa redonda. Nesta ocasião, com as presenças já confirmadas de José Endoença Martins e Mauro Galvão, se falará então dessa produção poética a partir de Blumenau, mas com pontos de vista diferentes. Não tenho dúvidas de que ali o grande objetivo de Falações será alcançado. Ou o primeiro grande objetivo.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 45pt; font-weight: bold;"><o:p> </o:p>LANÇAMENTO(S)</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 45pt;"><o:p> </o:p>A primeira aparição de Falações acontecerá durante o Primeiro Aniversário do Movimento 13 de Julho, evento organizado pelo SINSEPES, a partir das 16:00h no saguão do bloco A da FURB. Estarão presentes também os autores José Endoença Martins, Urda Kluger, Maicon Tenfen e <st1:personname st="on">Viegas Fernandes da Costa</st1:personname>.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 45pt;"><o:p> </o:p>Já o lançamento oficial acontece no dia 22 de julho no Butiquin Wollstein, na rua Floriano Peixoto, 89, no centro de Blumenau. A partir das 19:30 acontecerá a cerimônia de lançamento, com os devidos agradecimentos às várias pessoas que auxiliaram, de alguma forma, na realização deste projeto.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 45pt;">Estão todos convidados, claro! Quem quiser saber do que se trata antes do lançamento do dia 22 pode adquirir seu exemplar comigo ou na 100% Vídeo de Blumenau, na esquina da 7 de Setembro com a Paulo Zimmermann. Logo o livro estará à venda pela internet e em demais regiões do país. Por enquanto, somente em Blumenau.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 45pt;">Até o lançamento, então. Grande abraço!<br /></p><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 45pt;"></p>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-60166000778330886752008-06-18T03:25:00.000-03:002008-06-18T03:38:32.023-03:00Livro de poemas? É fácil! (???)<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCSMzRqIF753vTXeTMTuUYgKHJxPew6Ysf28Nkn23gvqP-B888F6QmQzbb43mqJFN3xADjrtghpRfzprizRzQI8fYhdRt67CaPoGomkafIi5o-icZCYUo1hvzRR5FBst5Uh4VSS9l8RdM/s1600-h/capa.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCSMzRqIF753vTXeTMTuUYgKHJxPew6Ysf28Nkn23gvqP-B888F6QmQzbb43mqJFN3xADjrtghpRfzprizRzQI8fYhdRt67CaPoGomkafIi5o-icZCYUo1hvzRR5FBst5Uh4VSS9l8RdM/s320/capa.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5213106278849438354" border="0" /></a> Se me perguntarem, não saberei o que dizer. Longe da arrogância acadêmica — que sempre põe um nome em tudo — ou da inocência leiga, que ao contrário da outra chama tudo pelo mesmo nome, sinto que não consigo descrever este meu livro. Então penso: trata-se de um livro de poemas, é fácil. Mas do que são feitos estes poemas? Procuro no belíssimo texto da orelha, procuro no suntuoso posfácio e lamento: não sei. <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p><br /> Pois que poesia, aquela, onde terá ido parar? Fico muito feliz ao ler “De espantalhos...”, de <st1:personname st="on">Viegas Fernandes da Costa</st1:personname>, lançado menos de um mês atrás, e encontrar ali o que eu procurava, seguro de que ainda se faz boa poesia. Da mesma forma como me sinto corajoso cada vez que abro “Pronomes de Caso Clínico”, de Mauro Galvão, para voltar a descobrir as linhas já gastas e encontrar, perdidas entre as letras, imagens ainda não desvendadas; folheei muitas vezes este livro.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Mas vamos ao ponto: Falações trata de quê? Ah, filhinho, tem de tudo ali: dor-de-cotovelo, ranço operário, psicanálise de botequim. Penso na decepção que terá o meu leitor que, procurando, não encontrará o que talvez quisesse ler. Afinal, trata-se de um livro de poesia, não é? E da poesia, que se espera?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Bom. Primeiramente, da poesia se espera que seja escrita por um poeta. De preferência, um tipo paspalho, feio, mas charmoso; perfumado e triste, com ar galanteador. O poeta, vamos analisar, não pode ser terreno. Não pode ser gente; gente que é, tem de parecer outra coisa. Um semideus das letras, por exemplo. Alguém que saiba lidar com a palavra, que durma com a palavra, acaricie a maldita da palavra enquanto sopra no ouvido da amante uns versos pré-fabricados.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">E da poesia, acreditem, se espera que faça sentido. Que tenha começo, meio, fim; personagens, um narrador bondoso. Da poesia se espera que se torne prosa Sabrina de livro mofado no canto escuro do sebo. Que fale de amor, principalmente. Ou fale de coisas belas: paisagens bucólicas, finais felizes, céu azul de inverno e chocolate quente? Não sei. Que tipo de belo, o senhor pode me especificar?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Para se ler poesia, tem de ter livro nenhum ao alcance das mãos. Talvez assim dêem uma chance ao coitado. Ué, mas não é assim? Então que se leia o jornal diário, a revista da semana, o livro relançado ano a ano de que todo mundo fala e que virou filme. Sendo o último da estante, o mais barato no sebo, recomendado com insistência torna-se um livro lido.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Escrever versos passou a fazer sentido para mim depois de conhecer Manuel Bandeira. Mas o sentido estava no Bandeira fazer versos, não eu. Ali pude vislumbrar a felicidade do poeta (galanteador mesmo, poemas de amor mesmo) que punha em poucas linhas aquilo que lhe vinha à mente e que, ainda por cima, se podia chamar poesia. Depois de um tempo, Bandeira tornou-se estereótipo de movimento modernista, charminho de intelectual idoso querendo pegar moça bonita.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Então vieram os pós-modernistas, principalmente os mais de perto, que respiram o meu mesmo ar úmido. Ali vi que havia liberdade. Liberdade mesmo. Liberdade de rir da fábrica e dos operários da fábrica; liberdade de rir da mãe, do pai, da bursite, da Fluoxetina. E ri com eles. Muito depois deles, é verdade, mas o meu riso quase me afogou a mente. No entanto, ri sozinho. Já não era mais tempo de rir: chegara a hora da caridade.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Lia os irônicos e me decompunha. Estava ali com pessoas que pareciam arranjos de mesa de casamento, floridas e perfumadas, declamando entre si poemas que se tivessem sido lidos, antes, por uma criança jamais teriam sido dispostos ao público: a criança os censuraria. A essas entidades de amor mútuo, denominadas sociedades de escritores, cabe a censura de Mário de Andrade: “Em arte: escola = imbecilidade de muitos para vaidade dum só”<span style="color:green;">. </span>Me zanguei: vou rir, nem que seja sozinho, mas vou rir o meu próprio riso e escrever o que eu quiser.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Então chegaram, consequentemente, o non-sense e o foda-se. Poesia é o seguinte: está ou não no poema. O poema pode ou não ter poesia. Poema com poesia é poema; poema sem poesia é exercício caligráfico. E lá fui me meter a escrever o que me vinha à mente. E escrevi. Compartilho que minha letra melhorou muito nos últimos anos. Mas chega um momento em que tem de se decidir: afinal, a coisa anda ou não anda?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Andou. Falações está no prelo, no último lance de escada, abrindo a porta da minha casa para dizer que chegou e eu não sei como recebê-lo. Filho? Amigo? Irmão? Prefiro estabelecer com ele relações trabalhistas: eu trabalho, tu usufruis disto. Porque dizer de um livro de poemas que tem de ser escrito por um poeta já decepciona, quando o vivente se pergunta “e poeta, o que é?”. E se for mais adiante, vai quebrar a cara ao se perguntar do que é feita a poesia.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Mas está chegando. Abrindo a minha e a tua porta, leitor. Se tiveres paciência para procurar ali nas entrelinhas um vácuo, talvez tu o encontres. É nesse vazio que está todo o sentido de escrever. Um vazio meu, por vezes compartilhado, que não me deixa viver em paz, que me faz perder o dia atrás de um registro, um cheiro, que seja um toque: algo que me permita borrar a folha branca e suspirar: “está feito”. Mas não todos os dias, que fique claro, que eu tenho mais o que fazer. Alguns dias, aqueles dias.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Clamo ao leitor que me responda: afinal, este livro trata de quê? E já adianto que é bem mais fácil falar dos livros dos outros do que do seu próprio. Talvez pela obviedade (afinal, eu o escrevi e, em algum momento, foi óbvio tê-lo escrito), talvez pelo espanto de encontrar ali mais do que se tivesse buscado. Mas te digo: é um assombro! </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Logo entro em maiores detalhes. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p></p>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-75369590553534620992008-05-24T16:11:00.000-03:002008-05-24T16:18:02.915-03:00"As pedras também não são eternas"<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://bp2.blogger.com/_qbvM8fO1XiY/SDhp2kjGPGI/AAAAAAAAABs/9tJLpRyKYpg/s1600-h/Capa%2BViegas%2Bdefinitiva.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="http://bp2.blogger.com/_qbvM8fO1XiY/SDhp2kjGPGI/AAAAAAAAABs/9tJLpRyKYpg/s320/Capa%2BViegas%2Bdefinitiva.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204025755671346274" border="0" /></a><br /><span style="font-weight: bold;">Lançamento do primeiro livro de poemas de Viegas Fernandes da Costa não deixa dúvidas: ainda se faz boa literatura!</span><br /><br /><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Quem já tinha lido Sob a Luz do Farol e sentiu-se satisfeito, ficará surpreso ao conhecer o primeiro livro de poemas do escritor Viegas Fernandes da Costa. Porque aquela prosa fragmentada de antes (não creio que conjunto de crônicas algum terá sentido maior do que a mão que<span style=""> </span>as escreve) prepara o leitor para o que há de vir. E o que vem é este belo exemplar de “De espantalhos e pedras também se faz um poema”.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span style=""> </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">O poema, a meu ver, antes de tudo, é o próprio livro, o exemplar que se segura nas mãos. Impresso em linotipo, o volume, nas palavras do próprio Viegas, pretende afrontar o livros impressos na off-set, os livros “pós-industriais, pós-modernos, pós-livros”. Acontece que, conhecendo<span style=""> </span>Viegas,<span style=""> </span>pude logo ver que o que afrontaria seus leitores não seria o exemplar (o ferro, a tinta, a pressão sobre o papel). Quem afronta, realmente, é<span style=""> </span>o poeta. Lá está.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">“De espantalhos...” está dividido em três partes: O Livro das Pedras, Espantalhos no Deserto e Ecos de Mim. Lendo, relendo, passeando ou perdendo-se por estas páginas, surge a necessidade de revidar a insistência do autor em dizer que “não há uma unidade temática neste livro – não a procurem”; daí nós ignorarmos a recomendação e embarcarmos rumo à busca de uma unidade, uma significação para “De espantalhos...” que vá além da coletânea de poemas. Embarquemos!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p><span style="font-weight: bold;"> O LIVRO DAS PEDRAS</span><br /></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Há em todo este livro uma grande necessidade de chocar, pôr o leitor contra a parede e exigir deste um ato, um gesto, uma resposta. Desde o primeiro grito, quando o poeta divide sua angústia com “AS PEDRAS TAMBÉM NÃO SÃO ETERNAS”, o leitor começa a envolver-se com um mundo que não é literário, imaginativo ou idealizado. É este nosso mundo que encontramos nos poemas de Viegas. E talvez seja por isso que não consigamos sair ilesos.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">O Livro das Pedras é uma surpresa. Não somente pela unidade do tema (lá no título já nos é avisado, na verdade), mas por ser breve e direto, como em “A pedra no meio do rio, afronta /<span style=""> </span>como pedra no meio do rio, / em silêncio, o tempo e as águas”. Novamente, o poeta é bondoso conosco, ingênuos leitores, e há novamente a preparação para o que há de vir. Coitados, o que seria de nós ao entrar despreparados em Espantalhos no Deserto.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p><span style="font-weight: bold;"> ESPANTALHOS NO DESERTO</span><br /></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Rápido, é preciso ler rápido. Leitor, não brinque por estas páginas, senão a realidade acaba batendo à tua porta e tu te mijas todo! Já tinha lido assim <st1:personname productid="em Murilo Mendes" st="on">em Murilo Mendes</st1:personname>, talvez algo em Vinícius-poeta, e só não fiquei muito feliz por ter lido em Viegas poemas tão cruéis, porque a felicidade não pode acompanhar uma leitura de Instantâneos, Canto Guajira, 1964 ou Quem Plantou os <span style="display: none;">?Cem Plantou os ?C tVinnr a textura, o gosto das pedras; ouve-se ali</span>Cogumelos?. Não. O que se vê por aqui é justamente um contato com o mundo caduco, cruel, triste, revelado pela sensibilidade de quem consegue tornar em poema aquilo com o que sequer conseguimos manter contato.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Para não dizer que Espantalhos no Deserto é somente estupor, susto e azia, lemos ali o antológico Impressões do Vale. O poeta, desta vez, analisa a vida em uma cidade que poderia ser qualquer uma, desde que cortada por um rio qualquer, um “rio que zomba delas,<span style=""> </span>/ a veia de merda que vaza / do leito que não dorme. Conseguimos nos enxergar ali? Todo o tempo! Seja na figura da moça fiandeira, nas formigas que “todos os dias, em carreiras, enchem os ônibus”, naqueles que “invejam o ócio que reprimem com bocejos de cansaço”. Sim, podemos nos ver todo o tempo ali, todo o tempo, e não temos a menor vergonha por isso.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p><span style="font-weight: bold;"> ECOS DE MIM</span><br /></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">O que lemos em Ecos de Mim, capítulo que fecha o livro, é justamente a abertura. O poeta, de peito aberto, entrega-se em poemas intimistas. Adultos, infantis, o poemas de Ecos de Mim põem-nos a dois passos do Viegas que compõe versos, mas esse encontro, o toque, não é possível, já que o poeta ou esconde-se nas sombras (Nas dobras das sombras) ou esconde-se dentro de si mesmo (Ecos de mim). </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">O que fica? Esta terceira e última parte de “De espantalhos...” já não é tão dura. O mundo, agora, não é o nosso, é o mundo do poeta. Contemplamos e buscamos compreender, queremos ajudar, ouvir o que mais aflige o compositor. O último capítulo bem poderia ser o primeiro. É leve, mesmo que tenha a mesma força dos outros dois cadernos. Não dá pra saber, por aqui, se conseguimos alcançar o sentimento que teve o poeta ao compor estes poemas. Nunca saberemos, e talvez seja esta a pergunta que ecoe: “Poeta, e agora?”.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Muito boa a leitura de “De Espantalhos...”. Confesso a surpresa boa de quem não esperava o que ler e acabou encontrando o que somente talvez supusesse: um poeta que não escrevesse sobre seu umbigo, como se acostumaram a fazer tantos, e que levasse a sério o ofício da escrita. Talvez seja esta a grande unidade deste livro: a seriedade. Sério como poucos, poeta como poucos, Viegas Fernandes da Costa mostra-se uma Polaroid por demais ciente do que significa poetar. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">E a quem ainda não chegou a dura voz da realidade, ela esta ali, nas páginas rudes de “De espantalhos e pedras também se faz um poema”. Ouse ouvir, leitor, que depois a gente conversa. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-70607919042551372992008-04-26T01:46:00.000-03:002008-04-29T10:20:48.031-03:00Das comédias (e tragédias) de publicar um livro<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgL2A2esCnSKpDHcIMPZqYVbp98sm5Fq-hhOeDVWf6NyWDSdrM2d-LDC2xgEc_FjjLU8mmunhwKuyv5PX5rGcB_HYdV7K_nJq_CkyoNbYwy5P3lhYJM-IapIqjBeblqYjSU2JpylXAWFHw/s1600-h/capa.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgL2A2esCnSKpDHcIMPZqYVbp98sm5Fq-hhOeDVWf6NyWDSdrM2d-LDC2xgEc_FjjLU8mmunhwKuyv5PX5rGcB_HYdV7K_nJq_CkyoNbYwy5P3lhYJM-IapIqjBeblqYjSU2JpylXAWFHw/s320/capa.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5193411700952892866" border="0" /></a><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;">Daquela velha história de que um homem precisa plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro, resolvi começar pelo fim. Pois que depois de algum tempo, de várias tentativas frustradas e desistências consecutivas, Falações, meu primeiro livro, será realmente publicado. É sobre isso — y otras cositas más — que falarei a seguir.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p><br /><b style=""> Sobre escrever o livro<o:p></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><b style=""><o:p> </o:p></b> Quando as pessoas que já sabem perguntam sobre o que será o livro — isso quando não emendam a pergunta com “sobre a história da tua vida?” — eu desconverso e explico: é um livro de poemas... de mau gosto. Claro que não. É um livro de poemas, ora! Mas quem sabe o que é isso, um livro de poemas? Então pra não falar de contemporaneidade, experimentalismo, psicanálise e tragicomédia, simplesmente digo que são poemas de mau gosto, mas mau gosto mesmo, onde se pode ler sobre incesto, estupro, falência múltipla dos órgãos. Pelamordedeus, que não quero afastar os leitores, mas levando em conta o tanto que se tem publicado e lido de material poético ginasiano (amor e dor, amor e flor), prefiro não decepcionar as pessoas.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p><br /> Falações surgiu há uns três, quatro anos. Na época, pensava em inscrevê-lo como projeto do Fundo Municipal de Cultura de Blumenau. Passou o primeiro edital, passou o segundo e foi a vez de, no terceiro ano do Fundo, levar a sério o projeto do que viria a ser meu primeiro livro. É bem verdade que o conteúdo foi alterado, reformulado, reinventado com o passar do tempo. Hoje, parece estar tudo bem. Pelo menos, olhando-o chego a pensar que “taí, a hora era essa mesmo!”. E não se tem mais muito a dizer a respeito disso: é um livro de poemas e pronto. Poemas meus que dialogam com sabe-lá-o-quê, com narradores que captam vozes sabe-lá-de-quem ou de-onde. E poesia não é isso mesmo?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p><b style="">Montando o projeto<o:p></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><b style=""><o:p> </o:p></b>Pois que este é o terceiro ano do Fundo Municipal de Cultura de Blumenau. Eu, que jovem sou, descubro que é uma reivindicação de muitos e muitos anos da classe artística blumenauense. Dos iniciais 200, passou a 250 e chegou, em <st1:metricconverter productid="2008, a" st="on">2008, a</st1:metricconverter> trezentos mil reais, financiando projetos de onze áreas diferentes. Era de se saber, portanto, como escrever um projeto de literatura.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p>Numa iniciativa bela e econômica (bela pelo altruísmo, econômica por não ter de repetir dezenas de vezes as mesmas coisas), a Fundação Cultural de Blumenau ofereceu, durante cinco dias, oficinas para auxiliar na composição dos projetos. Casa cheia, por ali se encontravam produtores culturais, músicos, artistas plásticos e escritores. Por mais que rondasse o ar o espírito competitivo de cada um, podia-se perceber o propósito comum de aprender. Nas cinco noites, falou-se de contrapartida social, função social das artes e da cultura, de legislação, de prestação de contas. Enfim, praticamente tudo que se precisa, de forma geral, para concorrer a um edital público de financiamento cultural.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p>Tópicos anotados, surge a pergunta: e agora, o que eu faço com isso? Pois bem. Durante um mês, pelo menos, deu tempo de pensar em como o projeto poderia ser útil não só a mim, mas à sociedade. Foi dessa indagação que surgiram dois eventos-chave do Projeto Falações: uma oficina sobre poesia blumenauense, contando a sua história e investigando as suas teorias e uma mesa-redonda entre poetas que fizeram e ainda fazem a história dessa literatura. Uma boa oportunidade para dizer à academia e ao público leitor que sim, existe uma literatura oriunda de Blumenau que possui um valor teórico, que possui características populares, que o que se escreve está ligado, direta ou indiretamente à cultura da cidade, do estado, do país.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p><b style="">Esperando os resultados<o:p></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><b style=""><o:p> </o:p></b>O sofrimento começou quando um grande amigo, Pedro Dieter, que mora em Vitória-ES, com todo o carinho disponível decidiu montar a capa de Falações. Pedro acabava de chegar de Atlanta, nos Estados Unidos, com um monte de idéias novas para pôr em prática. Ótimas idéias mesmo! A melhor delas foi fazer a arte da capa utilizando a obra de um artista norte-americano que trabalha com grafite. Bom, muito bom mesmo, mas como contatar o artista?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p>Pedro escreveu a Justin Kauffman dizendo tratar-se eu de um amigo, jovem poeta etc. que queria publicar seu primeiro livro. Disse ter montado a capa utilizando um recorte da peça So What, que havia ficado tudo muito bonito, muito charmoso, se ele autorizava, essas coisas. Justin, muito atencioso, disse que sim, claro, como não (tudo isso em inglês) e autorizou a utilização da obra. Acontece que, ao participar de um edital, não interessa quem disse ou quem deixou de dizer: são necessários documentos comprobatórios. E é aí que entra o sofrimento.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p>Faltando duas semanas para protocolar o projeto, entrei em contato com Justin, explicando que precisava de um documento passado <st1:personname productid="em cartório. Da" st="on">em cartório. Da</st1:personname> mesma forma, Pedro ficara de enviar a sua própria autorização, afinal a arte gráfica era dele. No fim, quase morrendo de ansiedade, recebi as duas cartas juntas no penúltimo dia de prazo. Só não entendi como uma carta de Vitória, ali no Espírito Santo, pode demorar tanto quanto uma carta enviada de um país estrangeiro tão longe. Mas enfim.</p> Imaginar que seu primeiro livro pode ser publicado não é fácil. Moacyr Scliar, no texto “21 coisas que aprendi como escritor”, diz que frio na barriga e pêlos do braço arrepiando são sinais de quem um livro está pra chegar. Mas, e se não fosse? E se todo o trabalho, todos os contatos e todos os votos de confiança tivessem sido em vão? E as noites sem dormir, pensando em algo que tivesse ficado pra trás? Os sintomas eu já tinha — e já tinha também a fé dos perdidos, do tipo “claro que vai, não tem como não, a gente se vê no lançamento”. Poderia ser tudo mentira. Mas não foi.<br /><br /> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><b style="">Então, até o lançamento<o:p></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><b style=""><o:p> </o:p></b>Se fosse assim tão simples, o texto terminava aqui. Acontece que mesmo tendo mostrado o livro a editores, não era certo que o livro seria aceito por alguma séria. E o que eu faria com centenas de exemplares em casa? A idéia era justamente encontrar uma rede de distribuição (que <st1:personname productid="em Santa Catarina" st="on">em Santa Catarina</st1:personname> não há) que levasse Falações para outras regiões. Que as pessoas que quisessem lê-lo no Rio Grande do Sul, no Paraná, <st1:personname productid="em São Paulo" st="on">em São Paulo</st1:personname>, no Rio pudessem encontrá-lo, verificá-lo, lê-lo e até mesmo comprá-lo.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p><span style=""></span>A resposta da editora, exatamente a que eu esperava, chegou outro dia. Fiquei feliz, claro. Era o último degrau de uma escada que eu havia começado a subir ainda no ano passado. Se eu liguei pra quem podia? Claro. Se eu escrevi para quem devia saber? Óbvio. Mas o resultado de tanta euforia foi mesmo um dia de cama, triste, amuado, choroso. O que havia de errado?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p>É estranho. De repente, quando vi, estava escrevendo mais do que devia, lendo sempre o mesmo tanto (minha mãe ainda diz que ler demais enlouquece as pessoas), estudando o quanto podia. Mas a poesia, em que canto deixei? Sinceramente, depois de ter entregado o projeto, de ele ter sido aprovado e da editora ter aceitado publicá-lo, o que eu mais queria era vê-lo longe o mais possível. Parecia que, ganho o jogo, não era mais hora de me preocupar com isso ou aquilo, mas a preocupação veio mesmo assim: e agora, o que as pessoas vão pensar?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p>Dizer que se trata de um livro de poemas de mau gosto coube em certo momento — e ainda cabe, porque repito todos os dias a ladainha — mas agora o meu teto será de vidro. Aquele cara que diz “olha, poesia é uma coisa bacana e isso aqui é exatamente o contrário” agora vai expor a cara à tapa. Mas faz parte do processo e, de qualquer forma, uma vez lido o livro deixará de ser meu, escrito por mim, viabilizado etc. Acontecerá, então, de eu encontrar um exemplar de Falações na estante e querer lê-lo como se estivesse lendo um outro livro de poemas de um outro autor. E quem sabe eu goste! </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt;"><o:p> </o:p>Quem sabe vocês gostem! Portanto, até o lançamento!</p>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-24144148763780330382008-03-19T16:28:00.000-03:002008-03-19T16:38:57.698-03:00"Quem nasce no Brasil ou é brasileiro, ou é traidor"<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://bp2.blogger.com/_qbvM8fO1XiY/R-FrvdhqD2I/AAAAAAAAABc/v-EvGaMxUxw/s1600-h/1191614801_getulio.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="http://bp2.blogger.com/_qbvM8fO1XiY/R-FrvdhqD2I/AAAAAAAAABc/v-EvGaMxUxw/s320/1191614801_getulio.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5179539509576601442" border="0" /></a><br /><br />Calma, leitor. Antes de pensar que esta se trata de uma frase tirada de um panfleto, preste atenção: ela foi dita por<a href="http://www.biblio.com.br/conteudo/biografias/lauromuller.htm"> Lauro Muller</a>, catarinense, engenheiro militar e político que morreu em 1926, no Rio de Janeiro. E por que esta frase está aqui? Vem acontecendo, desde novembro de 2007 (vem acontecendo porque é em fases) o <strong>I Seminário de Língua Alemã de Blumenau</strong>. O projeto deste evento foi encaminhado ao Ministério da Cultura e acontece, hoje, graças ao Petrobrás Cultural.<br /><br /><strong>UM POUCO DE HISTÓRIA</strong><br /><br />Há que ficar claro aos leitores que a questão da língua alemã no sul do Brasil não é somente séria, merecedora de revisões, como também mal estudada. Na verdade, os estudos parecem ter recém começado, mas de qualquer forma faltam aprofundamentos. Pensando nisso, talvez, que o Seminário de Língua Alemã veio ao mundo.<br /><br />Pra quem não sabe, boa parte da região sul foi colonizada por imigrantes europeus<span style="text-decoration: underline;"><span style="font-weight: bold;"><span style="font-weight: bold;"></span></span></span>. Oriundos de algumas grandes frentes regionais (Alemanha, Polônia, Itália, Ucrânia), esses imigrantes não somente deixaram seus países de origem como almejavam levá-los consigo para o Novo Mundo. Foi o que aconteceu na região de Blumenau. Os migrantes que por aqui chegaram depois da metade do século XIX não somente possuíam nacionalidade alemã, como tentaram manter o espírito alemão,<span style="text-decoration: underline;"></span> o <a href="http://www.comciencia.br/reportagens/migracoes/migr18.htm">deutschtum</a>, que numa tradução imprecisa significa germanidade.<br /><br />Mas vivendo num país estranho, falando uma língua estranha, ainda que em comunidade, pode se imaginar o conflito vivido por estes novos moradores da América. De um lado, traziam a esperança de, finalmente, possuírem terras, bens econômicos, liberdades política e social (que na Alemanha andavam escassas) e poderem oferecer vidas melhores a si e aos seus filhos. Por outro, ficava a saudade de uma Alemanha civilizada, de literatura desenvolvida, de pessoas que entendessem o idioma que falavam, enfim, irmãos de sangue e pátria.<br /><br /><strong>O PIONEIRISMO DE VALBURGA HUBER</strong><br /><br />A respeito desse tema, do dualismo constante vivido pelos imigrantes alemães que chegaram ao sul do Brasil, ninguém pode ser melhor referência do que Valburga Huber. Doutora em Língua e Literatura Alemã pela USP, foi a primeira pesquisadora a abordar o tema da literatura teuto-brasileira (teuto, que vem de teutônico, que abrange os demais povos de língua germânica que migraram para o Brasil na época). A dissertação de mestrado que virou livro, <strong>Saudade e Esperança – O dualismo do imigrante refletido em sua literatura</strong>, é o ponto de partida de uma série de novos olhares para essa realidade do imigrante alemão em terras brasileiras.<br /><br />Em Blumenau, o <em>idioma alemão foi oficial por quase cem ano</em>s. De 1850 a 1940, o alemão era oficial tanto na mídia impressa como nas escolas e na literatura dos blumenauenses. Poetas e escritores emigrados não fizeram somente muito sucesso entre as colônias alemãs brasileiras — mesmo porque a literatura que produziam estava diretamente ligada aos fatos da imigração — como muitos chegaram a fazer sucesso na própria Alemanha do início do século XX. A esse respeito, nada melhor do que ler e se deixar apaixonar pelas obras de Valburga Huber e Marcelo Steil, este que escreve nos anos de 1990 sobre a poesia imigrante, procurar entender do que na verdade se tratava esta produção literária que era tanto alemã quanto brasileira. Se não no idioma, mas certamente no espírito.<br /><br />Com as <em>Campanhas de Nacionalização do Ensino</em>, impostas por Getúlio Vargas, não somente se perdeu o contato com esse idioma escrito, como aos poucos ele foi sendo deixado de lado até ser quase totalmente esquecido. Pois bem. Nos anos de 1940, institui-se que o idioma oficial de Blumenau é o português. E daí? Proibiram-se os jornais, fecharam as escolas e por um bom tempo se deixou de escrever literatura.<br /><br /><strong>O BILINGÜISMO PESQUISADO POR MARISTELA FRITZEN</strong><br /><br />O leitor que veio até aqui pode imaginar o trauma causado pelas decisões meramente políticas, burramente políticas, que silenciaram não somente um povo, como também emudeceram uma cultura. Da década de 1940 até as décadas de 1960/70 temos o período que chamamos <em>“silenciamento lingüístico”</em>. Ou seja: por vinte, trinta anos, não se falou. Ou melhor: os então descendentes de alemães que por aqui viviam tiveram de reaprender a se expressar, dominar uma nova língua, novos costumes lingüísticos; tiveram de se tornar brasileiros.<br /><br />Ou não. E quem oferece a negação é outra pesquisadora que merece aplausos. Maristela Fritzen apresentou durante o Seminário de Língua Alemã partes interessantes de sua tese de doutorado. Denominada “<em>Ich kann mein Name mit letra junta und letra separada schreiben</em>” (Eu consigo escrever meu nome com letra junta e com letra separada), o trabalho de pesquisa de Maristela descreve as experiência de bi e multilingüismo em escolas da região de Blumenau. O que fica claro é que mesmo o silenciamento provocado pelo Estado Novo conseguiu apagar os traços mais importantes da cultura alemã no sul do Brasil: seu idioma e as pessoas que o falam.<br /><br />Se no século XIX tínhamos alemães que deixaram a Alemanha em busca de uma Terra Prometida, por assim dizer, no século XXI temos uma comunidade extensa que procura ser respeitada pelo idioma que ainda fala. É verdade que o alemão de Blumenau não é o mesmo da Alemanha, mas como frisa Maristela, “o português do Brasil é o mesmo de Portugal?”. A língua é viva, pois não.<br /><br />Acontece que falar o “alemão de Blumenau” não é uma questão de prestígio. Isso, Maristela explica muito bem, colocando como línguas prestigiadas o inglês, o francês, o espanhol e até mesmo o alemão gramatical, aquele estudado em escolas alemãs. O dialeto que surgiu no Vale do Itajaí, este sofre com o processo de estigmatização da língua por não ter prestígio, por estar limitado a um grupo relativamente pequeno de falantes.<br /><br /><strong>VOLTANDO AO SEMINÁRIO</strong><br /><br />É preciso voltar ao I Seminário de Língua Alemã de Blumenau para terminar este meu texto. É preciso dizer que este evento tem uma importância desigual para a compreensão histórica e social do que aconteceu no Sul do Brasil nos últimos cento e cinqüenta anos. É preciso parabenizar seus organizadores por terem reunido, numa mesma fala, três dos maiores pesquisadores da língua e da literatura alemã no estado de Santa Catarina.<br />Mas é preciso retomar um pouco da fala de Valburga Huber. Quando lhe foi perguntado se o uso do idioma alemão na literatura (sobretudo na poesia) era uma questão de mera sensibilidade ou uma prática política desses mesmos imigrantes alemães para que não perdessem o vínculo com o país de origem, a pesquisadora busca nos poetas de língua alemã lá do século XIX uma resposta precisa: ainda que escrevessem em alemão, eles já saudavam a nova pátria, o Brasil, suas riquezas naturais etc. como pertencentes a esta terra, como seus novos moradores.<br /><br />E é aqui, finalmente, que se encaixa a frase-título desse texto. Ela foi dita por um desses descendentes de alemães que lutaram pelo país para o qual migraram, o Brasil. Os imigrantes vieram da Alemanha, é verdade. Mas quem sofreu com as diretrizes políticas do Estado Novo foram os seus filhos. Se queriam, por um lado, manter contatos anímicos com o país de origem, em momento proibiram que seus filhos se tornassem “brasileiros”. Pretenderam, na verdade, manter viva a cultura, mantendo-a acesa — o que não é problema nenhum se virmos as oktoberfests que acontecem em todo o sul do país, os “vales europeus”, os grupos de danças típicas alemãs. A verdade é que o Brasil foi o país que acolheu estes imigrantes quando seus países lhes davam as costas; de alguma forma, lhes eram agradecidos.<br /><br />Aos poucos, a língua alemã volta a ser pauta de discussão nos meios educacionais e políticos de Blumenau. Felizmente. Não que ainda dê para recuperar o tempo perdido durante as campanhas de nacionalização, a Segunda Guerra Mundial, a repressão com que sofreram estas milhares e milhares de pessoas. O tempo passou e as marcas estão aí. Mas que seria realmente muito bom se se reconhecesse a brutalidade que aconteceu contra brasileiros, em território brasileiro, que somente não tinham o português como língua padrão, ah, isso seria realmente muito bom. Seria, principalmente, o primeiro salto contra o <em>preconceito lingüístico</em>: aquele que diz que quem não fala o bom e velho (velho mesmo) português gramatical deve ser varrido das faces deste país.<br /><br /><br /><em>A respeito deste tema, já escrevi no artigo <a href="http://www.overmundo.com.br/overblog/nacionalismo-marcas-de-um-silencio-que-persiste"></a><a href="http://www.overmundo.com.br/overblog/nacionalismo-marcas-de-um-silencio-que-persiste">Nacionalismo: marcas de um silêncio que persiste,</a><br />publicado originalmente no Overmundo, em 2007. Como se pode ver aqui, trata-se ao mesmo tempo de uma afirmação daquele, contendo a sua negação.</em>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8568798821538533705.post-15115127288637541412008-02-01T10:46:00.000-02:002008-02-03T01:22:46.584-02:00Apontamentos para uma entrevista com Werner Neuert<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://bp2.blogger.com/_qbvM8fO1XiY/R6M6Io0b5iI/AAAAAAAAABQ/a4u2ZpbV4uY/s1600-h/raiox1.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="http://bp2.blogger.com/_qbvM8fO1XiY/R6M6Io0b5iI/AAAAAAAAABQ/a4u2ZpbV4uY/s320/raiox1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5162033517967435298" border="0" /></a><br /><span style="font-weight: bold;"><br /><br />Escritor de Indaial mostra-se grande expoente da literatura contemporânea, ainda que sua obra não tenha sido realmente descoberta</span>.<br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A respeito de Werner Neuert, sei tanto quanto qualquer leitor que tenha tido contato com suas obras e tenha lido, nas orelhas destas, informações triviais como idade e profissão. Conheci sua escrita chocante no site do escritor Viegas Fernandes da Costa. Na ocasião, lendo o que Werner escreveu, lembro de ter sentido um misto de intensa excitação e vaga raiva. Não entendia nem um nem outro sentimento. Entendo agora. E se faço aqui apontamentos para uma possível entrevista, é porque sinto necessidade de conversar com Werner, saber quem é esse escritor, no mínimo, revoltante.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">De início, é preciso dizer: Werner é um grande sedutor. Não somente seduz com sua linguagem sem rodeios, muitas vezes urbanóide, rápida e direta como também suas personagens têm sempre atos, olhares, pensamentos sedutores. E não se trata da sedução romântica a que estão acostumados os nostálgicos e aquietados. Pelo contrário: o que há de sedutor em Werner é justamente a sua contemporaneidade e a de suas criações, pessoas assustadoramente mais próximas de nós do que poderíamos supor.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Logo, lendo, deixando-se seduzir, vem a raiva, a revolta. Sim, por dois motivos: a) a genialidade de um escritor praticamente desconhecido de grande parte do público leitor que se (auto) denomina crítico e b) por escrever sem rodeios sobre tantos tabus quantos podemos imaginar que existam — claro, sempre descobrimos mais um — e fazê-lo de forma natural, clara, objetiva, ilustrando aquilo que está ali, muitas vezes na nossa frente, e não enxergamos porque somos cristãos, ou ateus, ou direitistas, ou esquerdistas, ou existencialistas, ou o quê. Mas Werner nos ensina, à força, que sempre haverá dentro de nós alguma excentricidade que não poderemos revelar a ninguém. E, quem sabe, nem a nós mesmos.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Conheço dois de seus livros. Creio que sejam os únicos dois. O primeiro, em ordem cronológica, é Do Ofício de Matar Bois. Deveria ser um livro de contos. E o que se espera de um conto? Oras, que tenha começo, meio, fim; moral da história? Nos contos de uma, duas páginas, nos deparamos com o improvável: incesto, adultério, loucura, bolinagem, patricídio (acreditam que essa palavra não existe?), suicídio, enfrentamento e pessimismo em relação ao passado. Conforme escreveu a respeito deste livro a escritora Urda Alice Klueger, o escritor “nos joga problemas e mais problemas nas mãos e, rapidamente, sai de cena, sem nos deixar fugir das realidades que deixou no palco”.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É fato: embora um ou outro escritor, nos dias de hoje, ainda consiga chocar seu leitor com palavras, muitas vezes resta uma sensação de que, na contemporaneidade, tudo já foi escrito. Talvez o que mude seja a forma de dizer. Por que não? Mas Werner não somente tem a sua própria forma de escrever — veloz, como um fugitivo; cortante, como uma faca de açougueiro — como consegue, de seu modo, reunir num livro de 70 páginas tantas aberrações sociais que não seria raro o leitor sentir um intenso mal-estar após sua leitura.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mas de onde viria esse mal-estar? Seria, por exemplo, do contato que muitos seres humanos têm, pela primeira vez, com verdades também humanas que se escondem sob as peles de homens sociais, homens de família, homens de religião? Não seria porque, pela primeira vez, o leitor tem acesso a sentimentos escritos que talvez tenha sentido ele mesmo repetidas vezes e por saber do absurdo reprimiu-os sob sentimentos mais comuns na sociedade em que vive? São perguntas a se fazer a Werner.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Seu segundo livro em ordem cronológica, A Terra Estava Vazia e Vaga, pode ferir muito mais do que Do Ofício... Desta vez, temos uma edição dividida em duas partes principais, Histórias e Longas Histórias. Em Histórias, o que temos é uma excelente coleção de bizarrices. Na verdade, uma compilação de humanidades: falas cotidianas, coloquiais, que ouvimos, dia após dia, e às quais não damos muita atenção. Mas, tenho certeza, e o leitor também terá, de que muitas dessas falas, se não as dizemos da boca para fora, certamente as dizemos para nós mesmos, numa intimidade difícil de se chegar com a luz acesa.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Essa primeira parte da obra contém contos minúsculos, micro-contos de uma, três, cinco linhas. Ali, lemos sobre a Morte, sobre o Amor, sobre o Único Deus, o Cosmos Uno, sobre a Divina e Suprema Realidade. É, na minha opinião, o melhor dos dois. Não somente porque reúne muitas e muitas histórias breves e chocantes, como também fere mais a fundo por assumir a voz de seus falantes. Supondo, claro, que Werner escreva muito do que ouve. Perguntaria a ele: afinal, quanto daquilo é real e quanto é imaginário? Sendo a resposta "real", perguntaria: que tipo de naturalismo é esse? Ser realista, tudo bem, mas anti-ético? Anti-homem?<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É óbvio que as perguntas seriam outras. O que Werner faz é radiografar - e aqui falo como sendo um leitor de Blumenau que descobriu um autor de uma cidade menor ainda, Indaial - uma sociedade silenciosa porque silenciada e nos mostrar somente as chapas. Mesmo porque nós fazemos parte dessa sociedade radiografada. E se nos assustamos, é porque vemos ali, claramente, contra a tela clara, os nossos próprios tumores.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Certamente que faria muitas perguntas a Werner. Farei, se possível, porque anseio por isso. Do que sinto falta, na verdade, é que já não tenha lido as respostas desse fantástico autor respondidas a outrem. Por acaso, nunca ninguém quis perguntar a Werner, em nome de um público leitor, a respeito de seus fazeres literários? Por que não? Por acaso, conhecem esse autor inovador que - besteira isso, de comparar - iguala-se a Dalton Trevisan, inovando-o; ri e chora com Sartre, Camus, Nizan, estes autores supervalorizados; mostra-nos, muitas vezes, o que (não quem) realmente somos e nos faz rir nervosos por ter descoberto, ter nos feito descobrir verdades simplesmente mentirosas sobre as pessoas que somos?<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O dia em que a obra de Werner ultrapassar as barreiras coloniais do Vale do Itajaí e de Santa Catarina, tornará sua obra, como muitos gostam de dizer, cult. E então sua obra terá uma utilidade desigual, superior à dos livros de auto-ajuda, na descoberta, na aceitação e no entendimento daquilo que julgamos ser. E seu nome aparecerá em compêndios de literatura contemporânea como sendo o radiologista de uma sociedade doente e ciente disso, mas ignorante em relação a. E leitores e leitoras rirão da ironia destes escritos, mas no fundo sentirão alguma dor estranha, uma voz crescente que, quando for finalmente ouvida, lhes dirá, partindo deles mesmos: "Meu Deus, mas somos isto?"<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quem quiser saber um pouco mais sobre o autor, antes que eu o entreviste e procure decifrar um pouco desse escritor ímpar ímpar em terras sulistas, que leia algum dos seus livros e se deixe chocar com a sua crueldade, com a agilidade que este tem de segurar a marreta que, rapidamente, faz um boi enorme cair desconsolado. Que este novo leitor de Werner Neuert se deixe levar pelo sarcasmo e, quem sabe, comece ele mesmo a escrever na agenda, na caderneta, na lista de compras, bizarrices que ouve por aí, que pensa ele próprio, para entender que entre o real e a ficção há muito mais ligações possíveis do que as que academicamente julgamos possíveis.<br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os livros de Werner Neuert são: Do Ofício de Matar Bois, publicado pela Editora Garapuvu e A Terra Estava Vazia e Vaga, da blumenauense Hemisfério Sul. Ambos fáceis de se encontrar em Blumenau, em livrarias e sebos. Portanto...<br /></p>Marcelo Labeshttp://www.blogger.com/profile/05128577141805183268noreply@blogger.com9